A síndica do Edifício JK, Maria Lima das Graças, de 78 anos, está internada no Hospital Felício Rocho, no bairro Barro Preto, região Centro-Sul de Belo Horizonte. A informação foi confirmada pelo advogado Faiçal Assrauy, representante do condomínio, que é um dos cartões postais da capital mineira.
Segundo ele, a internação ocorreu em meados de agosto, após a paciente desenvolver um quadro de infecção que exigiu o uso de antibióticos. “É falso o boato de que ela teria morrido. Ela continua internada. É uma idosa e, pela idade, naturalmente o quadro preocupa”, afirmou.
Ele destacou ainda os desafios de administrar um edifício com 5 mil moradores. “É quase uma prefeitura. Sempre haverá pessoas que aprovam e outras que criticam. Isso é natural”, disse, reforçando o pedido por respeito na divulgação de informações sobre a saúde dela.
O Hospital Felício Rocho informou, por meio de nota, que não divulgará detalhes sobre o estado clínico da paciente, por decisão da família.
Com a ausência de Maria Lima das Graças, a administração do edifício foi assumida pelo advogado Manoel Gonçalves de Freitas, também gerente do condomínio.
Gestão histórica e polêmica
Maria Lima das Graças está à frente da administração do Edifício JK, projetado por Oscar Niemeyer na década de 1950, há mais de 40 anos. Sua gestão foi marcada por episódios de forte embate com moradores, processos judiciais e denúncias relacionadas à condução do condomínio. O prédio é considerado um dos mais emblemáticos da capital mineira, abrigando cerca de 999 apartamentos e aproximadamente 5 mil moradores — número próximo ao de uma pequena cidade.
Conhecida entre os condôminos como a “Dama de Ferro do JK”, a síndica foi alvo de críticas por suposta falta de transparência na gestão e por dificuldades em realizar obras estruturais após o tombamento do edifício pela prefeitura de Belo Horizonte, em 2022.
Na ocasião, sua defesa alegou que o condomínio possui muitos moradores com recursos financeiros escassos e que as intervenções vinham sendo feitas na “velocidade possível”.
Ações na Justiça
As disputas chegaram também ao Judiciário. Uma audiência de instrução estava marcada para 7 de outubro, em processo movido pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) contra o Condomínio JK, a síndica e um gerente de administração. A ação trata de falhas estruturais e de segurança no edifício. Ainda não há informações sobre a manutenção da audiência na data prevista, diante da internação da síndica.
Em 2024, reportagens de O TEMPO revelaram denúncias de moradores contra a administração. Entre elas, a exigência de caução de R$ 4 milhões para candidatos ao cargo de síndico, considerada “abusiva” por especialistas. Também havia reclamações sobre a gestão dos cerca de R$ 700 mil arrecadados mensalmente e relatos de “assédio jurídico” contra moradores que questionavam a administração.
A defesa da síndica negou irregularidades e atribuiu as denúncias a disputas políticas internas.