O número de acidentes com objetos perfurocortantes, como agulhas, aumentou 43% entre profissionais da saúde no Estado. Foram 2.600 casos em 2008 ante 3.705 no ano passado. A técnica em enfermagem Maria Elizabete Silva, 54, já fez parte dessas estatísticas. Durante o atendimento a um paciente com o vírus da Aids, ela sofreu um acidente e foi furada pela seringa que aplicava o medicamento.
A diretora do Sindicato dos Enfermeiros de Minas, Lúcia Barcelos, avalia que os números podem ser reduzidos se as unidades de saúde públicas e privadas cumprirem a lei nº 18.797, que prevê que todas as agulhas usadas a partir de 1º de abril deste ano sejam retráteis, modelo mais seguro e moderno.
O problema, segundo Lúcia, é que a lei é desrespeitada. Na última semana, O TEMPO visitou, em Belo Horizonte, seis unidades de saúde do Estado e do município e constatou que nenhuma tinha o material correto disponível.
Por sorte, Elizabete não foi infectada pela doença. Ela prefere não revelar qual unidade de saúde trabalhava na época do acidente. "Foi um drama. Estava amamentando na época e fiquei com muito medo de estar infectada. Durante um ano, tomei o coquetel de remédios e fiz testes para HIV".
Para a coordenadora da Saúde do Trabalhador da Secretaria de Estado de Saúde, Elice Eliane Ribeiro, o aumento de casos de acidentes com objetos perfurocortantes se deve ao crescimento do número de profissionais atuando e também de serviços oferecidos.
Ela concorda que o uso da seringa retrátil reduziria os riscos. "Os acidentes são notificados nas secretarias municipais de saúde. Nossa atuação é dar treinamento aos profissionais para evitar problemas", explica Elice.