O deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) negou as acusações apresentadas contra ele pela Polícia Federal à Justiça de Minas Gerais. O indiciamento do político e de outras 11 pessoas, nessa quinta-feira (7), aponta crimes de corrupção passiva e ativa, desvio de recursos públicos e falsidade ideológica relacionados à construção da Cidade Administrativa. Somadas, as penas máximas chegam a 41 anos de reclusão.

“Lamento a precipitação de um delegado que, talvez conhecendo superficialmente o caso, não se preocupou em ouvir ou em dar valor a depoimentos de inúmeros participantes da obra que afirmam categoricamente em que não houve irregularidades”, afirmou o deputado, em entrevista exclusiva à rádio Super 91,7 FM, nesta sexta-feira (8). 

A Polícia Federal detalha que a investigação foi iniciada em 2017 para apurar alegações de diretores executivos e funcionários do grupo Odebrecht em procedimento de colaboração premiada homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Os fatos teriam transcorrido entre 2007 e 2010, durante o processo de licitação, contratações e execução das obras da Cidade Administrativa. Aécio foi governador do Estado entre 2003 e 2010. 

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“A Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig) contratou auditoria independente para acompanhar cada etapa da obras. Os editais, em que hoje uma autoridade policial, ao meu ver, de forma ilegal, diz que que havia redirecionamento, foi submetido ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas do Estado, na época. Eles não apresentaram objeção, pelo contrário, elogiaram”, argumentou o deputado.

Os argumentos são mesmos de uma nota enviada pelo deputado anteriormente. A nota também afirma que "a conclusão da autoridade policial é absurda e contraria as investigações da própria PF que, depois de mais de três anos de investigações, não encontrou nada que comprometesse a sua atuação".

"A obra foi acompanhada por auditoria independente e seu edital apresentado ao TCE e ao Ministério Público que não apontaram qualquer irregularidade. Sequer os aditivos de preço autorizados por lei foram praticados à época. A defesa confia que a Justiça comprovará o absurdo da acusação", conclui.

De acordo com a Polícia Federal, por meio de cláusulas restritivas identificadas no edital da obra, o processo de licitação teria sido dirigido para que determinado grupo de empreiteiras vencesse a licitação. Além disso, haveria indícios de desvio de recursos públicos mediante contratações fictícias, cujas prestações de serviços não foram executadas.

A fraude à licitação e os recursos desviados somariam R$ 232 milhões de prejuízos  à Administração Pública. Em valores atualizados, o montante totalizaria R$ 747 milhões de danos.

Aécio Neves disse que seus advogados contestam a acusação no Supremo Trubunal de Justiça (STJ), e concluiu: “Quando alguém ler esse inquérito, vai ver a grande bobagem que ele é”. 

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O deputado também comentou a derrota nas eleições presidenciais de 2014, quando disputou o cargo com Dilma Rousseff (PT). “As pessoas recebiam mensagens no Whatsapp dizendo que eu acabaria com o Bolsa Família”, afirmou, negando que a ação estivesse em seus planos. “Faríamos o maior governo da história do país. Hoje estamos com esse radicalismo”, disse. 

Ele lamentou, ainda, que tenha tido menos votos no norte de Minas, como no Vale do Jequitinhonha. “Vou fazer uma confissão: a maior surpresa que tive talvez tenha sido o resultado na região mais pobre do nosso Estado, exatamente aquela para a qual mais trabalhei no Governo”.  

(Com colaboração de Lucas Henrique Gomes)