Entre a dor e o alívio, familiares do engenheiro Lúcio Rodrigues Mendanha, 36, deixaram o Instituto Médico Legal de Belo Horizonte na tarde deste domingo (3) depois de reconhecer os restos mortais de mais uma vítima do rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, na região metropolitana da capital. O funcionário da mineradora almoçava quando a avalanche de lama engoliu o refeitório da empresa no dia 25 de janeiro.
O microempresário Adalto Rodrigues de Souza, 56, tio de Mendanha, contou que a Vale foi a primeira e única empresa onde o sobrinho trabalhou desde que concluiu o curso de engenharia. Amigos disseram à família que ainda tentaram salvá-lo ao gritar para que ele entrasse em uma caminhonete, mas não deu tempo. “É muito triste, mas a gente tem que tocar o barco”, lamentou Souza.
Nas redes sociais, as últimas imagens de Mendanha mostram o engenheiro ao lado da mulher e dos dois filhos, de 2 e 5 anos, às vésperas do Natal. O tio da vítima espera que os bombeiros localizem o restante do corpo , mas considera um alívio ter tido a chance de identificar o sobrinho. “(Ficar sem notícias) é pior. O que fica agora é a saudade dele”, disse.
“Cenário arrasador”
O desespero ao saber que o sobrinho estava entre as vítimas do rompimento da barragem levou Souza ao local da tragédia em buscas de pistas há uma semana. “É um cenário de pânico e muito arrasador. Eu nunca vi uma terra cavacar a outra. Fiquei fora de si”, relatou o microempresário.
Souza teme que muitos não sejam encontrados sob as toneladas de lama. “Aquilo vai virar um cemitério para quem ficar lá. Se não acharem (os corpos), as pessoas vão voltar lá, colocar flor”, acredita.