A paixão do cardeal dom Serafim Fernandes de Araújo, que morreu nesta terça-feira (8), pelo Clube Atlético Mineiro se estende ao longo de, pelo menos, oito décadas. Conselheiro grande benemérito da agremiação esportiva, o arcebispo emérito de Belo Horizonte coleciona histórias de amor pelo time.

"Se eu pudesse fotografar o coração de cada atleticano, veríamos maravilhas de amor, de ternura, de sofrimento e também momento de alegria", declarou, emocionado, em entrevista para o documentário "Coração em Preto e Branco", de 2006, que relembrou o retorno do Atlético à Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro. 

Não à toa, o Atlético decretou luto oficial de três dias após a notícia da morte do bispo e manifestou, em suas redes sociais, solidariedade aos familiares e amigos do religioso. O velório acontecerá ao longo de dois dias na igreja da Boa Viagem, na região Centr-Sul da capital, e o corpo será sepultado na quinta-feira (10). 

Nossa Senhora das Graças

Presidente de honra do Conselho de Ética e Disciplina do Atlético, o cardeal dom Serafim Fernandes de Araújo guarda histórias curiosas e de muita fé em sua trajetória com o clube.

Entre elas está a clássica narrativa a respeito da estátua da Nossa Senhora das Graças, padroeira do Galo – história a que muitos atleticanos atribuem responsabilidade pelo rebaixamento do Atlético à Segunda Divisão do campeonato. 

Quatro anos antes desse trágico período na trajetória do clube, o presidente Nélio Brant mandou que cobrissem com tinta preta o manto originalmente azul que pertencia à estátua da santa.

Assim, atribuindo a queda do Atlético à blasfêmia contra Nossa Senhora, a diretoria do time mandou que substituissem às escondidas a imagem da santa pintada por uma nova durante a campanha na série B, isso tudo com as bençãos do dom Serafim. 

O fim da história todos sabem: o Atlético venceu o campeonato, retornou à Série A e quebrou um jejum de seis anos sem títulos.