Representantes da Cervejaria Backer informaram, durante audiência pública realizada nesta quarta-feira na Câmara Municipal de Belo Horizonte, que laudos e análises identificaram "traços, chamados de sinais instrumentais, de mono e dietilenoglicol em várias outras marcas de cerveja”. Durante a sessão, o advogado Estêvão Nejim disse que “houve um episódio da identificação de um pico diferente de mono ou dietilenoglicol em um lote específico”, referindo-se à cerveja Belorizontina. 

“E, até então, continuamos sem as informações quantitativas. O que estou querendo explicar é que ninguém ainda compartilhou – nem polícia, nem Ministério da Agricultura, nem mesmo os nossos laboratórios – o que seria a concentração necessária para causar essa intoxicação. Então, a gente ainda não tem essa informação correta”, disse Nejim durante a audiência. 

Após a sessão, o advogado que representa a Backer disse que a afirmação foi feita sustentada por análises, mas não especificou quais nem apresentou o próprio laudo. “Essa constatação é clínica, é um laudo médico que vai informar se existe ou não existe a contaminação, a intoxicação, observada por químicos que são capacitados e habilitados para tanto. Quando compartilhamos a informação de que existem sinais instrumentais classificados como traços do agente químico monoetilenoglicol e dietilenoglicol em outras cervejas, evidentemente essa afirmação está amparada em análise e laudos que foram produzidos por laboratórios certificados para tanto. Não se trata de uma opinião da empresa A ou do representante do paciente B, não é isso, o intuito é para passar a informação correta e esclarecer que não existe uma acusação para quem quer que seja, ou a intenção de compartilhar um problema com outras cervejarias. Não é isso”, declarou. 

Ele ressaltou, entretanto, que o fato de existir sinal instrumental desse agente químico no produto não é suficiente para torná-lo impróprio para o consumo. “O simples fato do apontamento qualitativo desse agente químico no produto não inviabiliza o consumo. Temos que ter a informação quantitativa. O intuito foi para esclarecer e não deixar dúvida com relação a esse fato”, disse. Segundo o advogado, essa análise está sendo elaborada e vai ser apresentada no processo.

Estêvão Nejim comparou os dados encontrados em outras marcas – que não foram citadas – com os identificados nos rótulos fabricados pela Backer. “O que eu disse é exatamente o que existe nas análises feitas pelo próprio Mapa, que, quando fez a análise da cerveja da Backer, vários lotes, indicou presença de sinais instrumentais de mono ou dietilenoglicol. Essa fundamentação foi suficiente para tirar de circulação muitos lotes da cervejaria. O que estou participando a todos vocês nessa oportunidade é que esses mesmos sinais instrumentais foram identificados em outras cervejas, agora, como isso será conduzido pelas autoridades policiais ou pelo Ministério da Agricultura, é uma questão que tramita sob segredo de Justiça e vai ser tratada no momento processual oportuno”, disse.

O advogado afirmou ainda que estudos apresentados indicam que “a própria fermentação, por uma reação química, pode dar ensejo à presença desses traços instrumentais”. “Só que os estudos são sempre preliminares, precisam ser melhor apurados para que a gente consiga passar a informação precisa e correta. Qual é o receio da empresa? Desde sempre estamos tratando um caso de contaminação com indícios, contaminação não pode ser tratada com indício, isso tem que ser tratado com dado efetivo”, finalizou.

 Leia o que diz o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento sobre o caso:

O Mapa ressalta que o caso envolvendo a contaminação por etilenoglicol e dietilenoglicol em cervejas da empresa Backer é um evento isolado e que não coloca em risco a segurança das demais cervejas nacionais, sejam elas produzidas por estabelecimentos de grande ou pequeno porte. Durante a apuração deste caso, foram coletadas mais de uma centena de amostras de cervejas de diversas marcas disponíveis no mercado, e até o momento foram obtidos resultados em 74 dessas amostras. Todos deram
resultado negativo para a presença dos contaminantes dietilenoglicol e monoetilenoglicol. Tampouco foram detectados esses contaminantes nas matérias-primas para a produção de cerveja ou no reservatório de água que abastece a empresa.