Depois de análises apontarem novas irregularidades no processo produtivo da cervejaria Backer, a sede da empresa, no bairro Olhos D'água, região do Barreiro, foi alvo de uma operação da Polícia Civil e Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). Durante a manhã desta terça-feira (4), agentes cumpriram mandados de busca e apreensão no local. 

Segundo o órgão, o pedido foi expedido pelo juiz da Vara de Inquérito Policiais de BH após requerimento da promotora de Justiça e Defesa do Consumidor da área criminal. O objetivo é coletar novas evidências sobre os erros que provocaram a intoxicação de pelo menos 29 pessoas por dietilenoglicol – dez morreram. Os documentos apreendidos ainda vão servir para embasar a manifestação do MPMG à Justiça.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) encaminhou documentos ao órgão que apontavam novas irregularidades no processo produtivo da cervejaria, o que levou à operação realizada nesta manhã. Procurada, a pasta ainda não se manifestou sobre o teor das descobertas.

A promotora de Justiça Vanessa Fusco enfatizou que o procedimento está em andamento para apurar indícios de novos crimes cometidos por sócios proprietários da empresa e os responsáveis pela manutenção da cervejaria. "Vimos a necessidade de realizar novas diligências, principalmente depois de tomar conhecimento de documentos que foram remetidos pelo Mapa, que também realizou perícias na fábrica e interdições", enfatizou.

Conforme a magistrada, os documentos apreendidos vão passar por análises e perícias da Polícia Civil, que encaminhará um adendo ao relatório inicial das investigações. "Faremos uma análise em um prazo breve, mas que são imprescindíveis para verificar o andamento da denúncia nesse caso tão triste, da cervejaria Backer, com dez óbitos e inúmeras outras vítimas", acrescentou.

O MPMG ainda vai conceder uma entrevista coletiva para prestar outras informações sobre a operação.

Investigações duram quase sete meses

As investigações da contaminação das cervejas da Backer pelo dietilenoglicol, substância tóxica usada no processo de fabricação do produto, completaram sete meses. Além dos 29 casos de intoxicação, outros 30 ainda seguem em análise. No início de junho, a primeira versão do inquérito da Polícia Civil foi concluído. Entre as mais de quatro mil páginas, diversos elementos apontam erro grosseiro nos tanques da empresa.

Dados da perícia apontam que um funcionário sem qualificação repunha a substância tóxica por acreditar que o material estava evaporando. Porém, os investigadores descobriram que um furo no tanque fazia o líquido vazar para as cervejas. Em cada produto contaminado, havia pelo menos seis  milímetros de dietilenoglicol, mais que o dobro da dose considerada fatal.  Entre sócios e funcionários da empresa, foram indiciadas 11 pessoas por lesão corporal, contaminação de produto alimentício e homicídio.

Matéria em atualização