A tarde desta terça-feira (19) foi de música no hospital Lifecenter, no bairro Funcionários: cinco músicos, militares do Corpo de Bombeiros, apresentaram-se em frente ao hospital por uma hora, em mais uma homenagem aos profissionais de saúde que estão na linha de frente contra o novo coronavírus. Com instrumentos de sopro, os militares tocaram clássicos como “Eu sei que vou te amar” e “Amigos para sempre”.
Em abril, membros da Banda Sinfônica e da Bombeiros Instrumental Orquestra Show (Bios) já haviam feito uma apresentação parecida na Santa Casa, na região hospitalar. A pedido das próprias instituições, nos próximos dias, outras unidades de saúde de Belo Horizonte devem receber os bombeiros, segundo um dos organizadores dos eventos, o tenente Gustavo Salles — para evitar aglomerações e manter a surpresa dos espectadores, ele prefere não revelar a agenda por enquanto.
“É um momento de muita fragilidade. Nós, bombeiros, já somos acostumados a essas situações (de risco) e sabemos o sentimento que os profissionais nos hospitais estão tendo. Tentamos abraçar os profissionais que estão à frente da pandemia, transmitir um pouco de felicidade e esvaziar um pouco a cabeça deles”, explica o tenente. Ele lembra que a homenagem também é dirigida a outros membros dos hospitais, como recepcionistas, e não apenas aos profissionais que lidam diretamente com os pacientes.
A intenção dos músicos surtiu efeito na gerente de enfermagem do Lifecenter, Carolina Moreira, 39. Ela foi pega de surpresa no meio da rotina de trabalho e se emocionou com o repertório — especialmente com “Amigos para sempre”, que encerrou a apresentação. “Ela traz essa questão de estarmos juntos nos momentos difíceis e nos bons”, reflete.
E completa: “A gente sente gratidão em saber que os bombeiros, que fazem um serviço tão importante, dedicam um tempo para homenagear a equipe. As pessoas podem ficar em casa sabendo que estamos aqui cuidando de quem amam”.
O cirurgião e diretor técnico do Hospital Lifecenter, José Américo Filho, também se diz emocionado com a quantidade de homenagens que os profissionais da saúde tem recebido — ele lembra as cartas de crianças que foram enviadas para a unidade, por exemplo.
Ainda assim, dispensa a ideia de que os profissionais seriam heróis neste momento: “Não sei se é heroísmo. Eu acredito que seja um ato de amor, se entendermos amor como cuidado. É cuidar de uma pessoa como gostaríamos de ser cuidados”.