Após mais de um mês de investigação, a Polícia Civil prendeu três homens, no bairro Primeiro de Maio, na região Norte de Belo Horizonte, suspeitos de envolvimento com roubos de veículos, cargas e residências. Para se aproximarem das vítimas, os investigados se passavam por policiais civis, inclusive usando blusas da instituição, conforme informado pelos policiais durante coletiva nesta terça-feira (21).
As prisões aconteceram na última semana no momento em que, provavelmente, eles programavam mais um crime. "Esses indivíduos se apresentavam como policiais da nossa Divisão para cometer furtos e roubos de veículos, inclusive utilizando camisas da Polícia Civil. Eles abordavam os cidadãos, informavam que havia uma investigação a respeito de veículo clonado e, no meio da conversa, efetuavam o roubo do veículo desse cidadão", explicou o delegado Artur Vieira, chefe da Divisão Especializada em Prevenção e Investigação a Furtos e Roubos de Veículos Automotores (DEPIFRVA).
Entre junho e julho deste ano, ao menos três roubos com o mesmo modo de abordagem foram registrados pela polícia nas regiões Leste e da Pampulha, mas o número pode ser maior. As abordagens eram realizadas na rua ou até mesmo dentro de residência, onde uma vítima chegou a ser feita refém.
"Uma das vítimas desconfiou da ação e o veículo não foi levado. Nós obtivemos imagens desses suspeitos usando a blusa da Polícia Civil e uma bolsa que foi apreendida anteriormente. Também localizamos com eles, após nosso serviço de inteligência e campana, um Ônix roubado há cerca de um mês. Utilizando desse veículo, os suspeitos fizeram uma alteração da placa para dificultar a identificação do carro. As investigações continuam para levantamento de outros crimes e outros envolvidos", detalhou o delegado Diego Matos, que está à frente das investigações.
Os homens, que não reagiram à abordagem, não assumiram os crimes. Presos preventivamente, eles foram autuados por associação criminosa, adulteração de sinal de identificador de veículo automotor e receptação e foram encaminhados ao sistema prisional. Ao final do inquérito, o trio pode ser indiciado por falsa identificação ao se passar por agente do Estado.
Polícia apura como blusas foram parar nas mãos de bandidos
Todo o material apreendido passará por perícia, incluindo uma camisa da Polícia Civil. A instituição acredita que ainda existam outras blusas desviadas. "Segundo informações prestadas pelas vítimas, os três usavam blusas do modelo antigo da Polícia Civil. Mais camisas podem ser apreendidas e estamos apurando como eles tiveram acesso às vestimentas", detalhou Matos.
Segundo ele, quando um agente da instituição tem alguma camisa ou outro objeto extraviado deve fazer um boletim de ocorrência . "Além do boletim é aberto um processo administrativo em relação a isso, e a corregedoria também é avisada. O modelo da blusa é antigo e não está no nosso padrão atual. Todas as camisas são feitas por fornecedores credenciados pela Polícia Civil", afirmou o delegado.
"Crime para mais de metro"
Além dos crimes, as fichas criminais dos presos também impressionam. Um deles, de 27 anos, responde por 11 processos de furto, quatro de receptação de veículos e um de homicídio. São 26 folhas de registros policiais, que dão quase oito metros de extensão.
Um investigado de 31 anos responde por três crimes de receptação de veículos. O terceiro, também de 31, responde por três processos de furto, dois de roubo utilizando arma de fogo, um de receptação e um de adulteração de veículo automotor.