Após decreto assinado pelo prefeito Alexandre Kalil (PSD) na última sexta-feira (15), começa a valer nesta segunda-feira (18) a possibilidade de instalação de barreiras sanitárias em 18 lugares de Belo Horizonte.A forma em que essa instalação será feita e outras questões sobre o tema serão explicadas em uma entrevista coletiva do prefeito marcada para o início da tarde desta segunda-feira (18).

A fiscalização, segundo o decreto, refere-se a uma “realização compulsória, em caráter excepcional e temporário, de rastreamento clínico para reduzir a propagação de infecção viral e preservar a saúde da população contra a Covid-19”. O texto aponta, entretanto, que não haverá restrições à saída de pessoas e veículos do município.

Os agentes que estiverem nos pontos de barreira sanitária, segundo o decreto, poderão solicitar a parada de veículos e exigir que os motoristas e passageiros realizem o rastreamento clínico, incluindo aferição de temperatura corporal.

A pessoa que apresentar suspeita de infecção pela Covid-19 será orientada e encaminhada para unidade de saúde específica para ser assistida e evitar a possível propagação da doença. Esse protocolo de realização do rastreamento clínico nas barreiras sanitárias e o direcionamento de pessoas com suspeitas de infecção serão definidos pela Secretaria Municipal de Saúde.

Se houver recusa ou desobediência da população durante o procedimento, a força policial pode ser solicitada, além de implicar “responsabilização civil, administrativa e penal cabível”.

Saiba o que já foi feito em BH para conter a Covid-19

Essa é mais uma das várias medidas adotadas pelo prefeito para conter a disseminação do novo coronavírus na capital mineira. No início de abril, Kalil publicou um decreto que proibia a entrada de ônibus do transporte coletivo de cidades que afrouxassem as regras do isolamento social. Guardas municipais fazem abordagem aos veículos e pedem que eles retornem aos municípios de origem. 

Além disso, nos coletivos da cidade já é obrigatório o uso de máscaras. O mesmo serve para os estabelecimentos comerciais que estão autorizados a funcionar na cidade como serviços de saúde, farmácias, laboratórios, clínicas, hospitais, óticas, supermercados, hipermercado, padaria, sacolão, mercearia, hortifruti, armazém, açougue, posto de combustível, lojas de materiais de construção civil, agências bancárias, lotéricas, correios e bancas de jornais e revista.

Os donos de outros tipos de comércios que insistem em funcionar são notificados e perdem o alvará se insistem na irregularidade. Nenhum tipo de evento com aglomeração de pessoas pode ser realizado na cidade. Kalil proibiu, também por decreto, a utilização de espaços comuns de condomínios para festas, sendo que o infrator pode ser punido em 20 vezes o valor do condomínio. 

Também como medida de proteção e contra a disseminação do coronavírus, a prefeitura proibiu a realização de eventos dentro de carros, conhecidos como "drive in", sujeito a multa de R$ 20 mil para o organizador. Os espaços públicos que aglomeravam muitas pessoas como praças e a orla da Lagoa da Pampulha foram fechados com barreiras físicas.

O prefeito chegou a publicar um decreto estabelecendo multa de R$ 80 para quem não usasse a máscara em espaços públicos, no entanto após recomendação do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), a punição foi revogada. 

Kalil já disse também que não descarta a possibilidade de lockdown, ou seja de fechamento da cidade, em caso de descontrole nos casos de coronavírus. 

Palavra de especialista 

O infectologista Estevão Urbano Silva, que integra o Comitê de Enfrentamento à Pandemia da Prefeitura de Belo Horizonte explicou que as barreiras vão funcionar em pontos estratégicos de circulação de entrada e saída de Belo Horizonte. "Aleatoriamente vão sendo parados carros e ônibus. Será feito um pequeno questionário, uma medida de temperatura. pessoas que tiveram risco de estarem com a doença serão encaminhadas para avaliação médica. Obviamente, será feito pedagogicamente uma educação de todos, infectados ou não, sobre a importância da quarentena e do distanciamento", explicou.

Segundo ele, como Belo Horizonte conseguiu ter controle, mas cada vez mais o Brasil aumenta seus casos e mais pessoas vêm se tratar na capital mineira, é importante ter um ordenamento e ação pedagógica para reduzir a transmissão externa.

"Ou seja, as pessoas que vem vão ser orientadas no sentido de se cuidar, mas também de não transmitir. O alcance é difícil de prever. O impacto é muito variável, não há condições de se fazer previsão. Mas são pequenas coisas somadas que podem, de certa forma, minimizar situação de risco, mesmo que contribuição seja pequena. Vai ter um resultado, além de também ter uma função pedagógica. A partir do momento que faz barreiras, você dá o exemplo de que há toda uma preocupação de manter equilibrado o cenário belo-horizontino. É como se fosse um exemplo para as pessoas de fora, de que nós estamos vigilantes", concluiu.

Balanço

De todas as cidades de Minas Gerais, Belo Horizonte é a que tem mais casos e mais mortes. Segundo o boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde (SES) deste domingo são 1.129 pessoas infectadas e 31 mortas na capital mineira. 

Os dados da Secretaria Municipal de Saúde, no último boletim divulgado, na sexta-feira (15), mostram que as internações por síndrome respiratória cresceram 374,9% nas primeiras 20 semanas de 2020 se comparadas ao mesmo período de 2019. 

Barreiras sanitárias em outras cidades mineiras

No interior do Estado várias cidades já adotaram as barreiras sanitárias como medida de contenção da Covid-19. Na maioria delas, agentes de saúde entrevistam quem entra na cidade e procura saber de onde a pessoa vem, onde irá ficar, mede temperatura, avalia se há riscos de estar com a doença e só então define se a pessoa poderá entrar ou não na cidade. 

Nas entradas secundárias das cidade e estradas de terras, os prefeitos colocaram barreiras físicas para impedir acesso sem triagem de agentes da saúde. Na cidade de Cássia, no Sul de Minas, algumas dessas barreiras físicas foram montadas, neste domingo (17), nas entradas secundárias com montes de terras e colocação de correntes de ferros que impedem a passagem de veículos. 

A medida foi tomada depois que a prefeitura percebeu que, para evitar passar pelas barreiras sanitárias na entrada principal do município, muitos turistas estavam usando as entradas secundárias e com isso surgiu o meod de importação da doença para a cidade. 

Veja os pontos que poderão ter barreiras sanitárias na cidade:

- Avenida Amazonas, próximo ao viaduto do Anel Rodoviário;

- Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, próximo à rua Conde Pereira Carneiro;

- Avenida Braúnas, próximo à rua Xangrilá;

- Avenida Professor Clóvis Salgado, próximo à avenida Serrana;

- Avenida Abílio Machado, próximo à avenida Heráclito Mourão de Miranda;

- Avenida Antônio Francisco Lisboa, próximo à rua Expedicionário Paulo de Souza;

- Rua Francisco Adolfo Viana, próximo à rua Três;

- Rua Júlio Mesquita, próximo à rua Taboão da Serra;

- Avenida Civilização, próximo à rua dos Menezes;

- Avenida Dom Pedro I, próximo à rua Bernardo Ferreira da Cruz;

- Avenida Cristiano Machado, próximo à rua das Guabirobas;

- Avenida Vereador Cícero Idelfonso, próximo à rua Nogueira da Gama;

- Avenida José Cândido da Silveira, no trecho entre a MG–05 e rua José Moreira Barbosa;

- Avenida dos Andradas, no trecho entre a rua Itaguá e rua Marzagânia;

- Rua Jornalista Djalma Andrade, próximo à avenida Dr. Marco Paulo Simon Jardim;

- Avenida Raja Gabaglia, próximo à rua Parentis;

- Avenida Nossa Senhora do Carmo, no trecho do Belvedere;

- Rua Haiti, no trecho entre a avenida Presidente Eurico Dutra e rua Patagônia.