Esperança

BH participa de estudo internacional com novo medicamento para tratar Covid-19

Estudo quer avaliar eficácia de baricitinibe, usado para tratar artrite reumatoide, em pacientes internados com coronavírus

Por Paula Coura
Publicado em 31 de julho de 2020 | 06:00
 
 
 
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Belo Horizonte foi a cidade escolhida para participar de um estudo internacional que pretende avaliar a eficácia do uso de baricitinibe, medicamento que está sendo utilizado em pacientes hospitalizados com Covid-19. O remédio, de uso oral, é aprovado em mais de 70 países, incluindo o Brasil, para tratamentode artrite reumatoide, moderada a grave. Na capital mineira, os testes, em fase final, estão sendo realizados no Hospital Felício Rocho, na região Centro-Sul. 

As pesquisas são da farmacêutica Eli Lilly, que espera inscrever 400 pacientes nos próximos meses. Cerca de 200 já foram selecionados, e o Brasil é um dos mais avançados, com 85% deles recrutados. Os primeiros resultados devem sair em setembro. A capital mineira, segundo a empresa, foi um dos centros de estudo escolhidos por apresentar infraestrutura necessária, especialidade e qualidade de equipes, interesse dos pesquisadores e capacidade de seguir com os protocolos propostos.

"A Lilly está comprometida em combater esta pandemia global, e isso inclui testar se os medicamentos existentes, incluindo o baricitinibe, podem ajudar a tratar as complicações da Covid-19 em pacientes", disse Patrik Jonsson, vice-Presidente Sênior e Presidente da Lilly Bio-Medicines. "Este estudo controlado randomizado é um passo importante para nossa compreensão do baricitinibe como um potencial tratamento para a Covid-19", complementou.

Caso os resultados sejam positivos e comprovem a eficácia do tratamento em pacientes hospitalizados com Covid-19, a Lilly vai trabalhar com as autoridades ao redor do mundo para que o medi-camento esteja disponível para aqueles que precisam. O valor do custo efetivo do tratamento não foi informado pela empresa.

Questionado sobre o estudo, o Hospital Felício Rocho informou que o estudo tem uma clásula de confidencialidade com o patrocinador e, que, por esse motivo, não poderia comentar sobre o andamento dele na unidade. 

Entenda o estudo

De acordo com a Lilly, na infecção por coronavírus, a gravidade da doença pode estar associada a um estado hiperinflamatório. As hipóteses que embasam o estudo mostram que, através da inibição das proteínas, chamadas JAK1 e JAK2, o baricitinibe pode reduzir a “tempestade de citocinas” associada às complicações no organismo humano.

Além disso, o medicamento  pode ter um papel na inibição de proteínas das células hospedeiras que auxiliam na reprodução viral, reduzindo a capacidade da produção de mais vírus invasores. 
 
Com isso, o objetivo das pesquisas é analisar a proporção de pacientes que morrem ou necessitam de ventilação não invasiva - oxigênio de alto fluxo - ou ventilação mecânica em até 28 dias. Os pacientes  são tratados com 4 mg de baricitinibe diariamente em comparação com o placebo. Os participantes vão receber o medicamento ou placebo por até 14 dias ou até a alta hospitalar. 

Os principais desfechos secundários do estudo incluem a proporção de pacientes com melhora clínica em diferentes momentos, tempo para recuperação, duração da hospitalização, número de dias sem ventilação e mortalidade em um período de 28 dias.

 Próximos passos

Os dados do estudo vão complementar os dados de um primeiro estudo de baricitinibe com remdesivir na segunda fase do "Adaptive Covid-19 Treatment Trial (ACTT-2)", realizado pelo Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID), parte do Instituto Nacional de Saúde (NIH), dos Estados Unidos.

O estudo - que registrou seu primeiro paciente no mês passado - avalia a eficácia e a segurança da combinação de uma dose diária de 4 mg de baricitinibe mais remdesivir, em comparação com o remdesivir.

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