Mesmo com a vacinação avançada, Belo Horizonte registrou uma elevação no número de casos de Covid esta semana, fazendo com que o número médio de transmissão por infectado (Rt) ficasse acima de 1,00 e atingisse o nível amarelo desde terça-feira. O número de contaminados pelo coronavírus a cada 100 mil habitantes subiu de 56,6 na segunda-feira para 62,9 na terça.
A capital mineira já imunizou contra a Covid mais de 2 milhões de pessoas com pelo menos uma dose e mais da metade da população com mais de 12 anos está completamente imunizada. Mesmo assim, o vírus continua circulando e 4.319 casos da doença foram registrados na capital mineira somente neste mês.
De acordo com o infectologista e professor da UFMG Unaí Tupinambás, esse aumento era esperado, por conta das flexibilizações aprovadas pela prefeitura e pela disseminação da variante delta, que é mais contagiosa, pelo país. Mas graças à vacinação, o crescimento de casos não se refletiu no sistema de saúde. A ocupação de leitos de enfermaria reservados para a Covid está em 44,2%, enquanto de UTI está em 42,9%.
“Felizmente, isso não impactou nas taxas de internação e casos graves. Vamos continuar monitorando com cuidado este momento. Há uma tendência de haver uma gangorra de sobe e desce (na curva de casos), mas a expectativa é que isso não tenha impacto na taxa de mortalidade ou letalidade da doença na cidade. Caso haja um aumento de casos graves, aí poderemos rever a situação da flexibilização”, afirma Tupinambás, que integra o Comitê de Enfrentamento à Covid de Belo Horizonte.
Cuidados durante os feriadões
Segundo o infectologista Adelino Melo Freire, diretor do laboratório Target, não é possível afirmar que o feriado de 12 de outubro tenha influenciado na alta de casos, mas a população deve ficar atenta para que os próximos feriadões (2 e 15 de novembro) não contribuam para uma piora nos indicadores.
O especialista explica que os cuidados permanecem para evitar que haja contaminação durante as viagens. “Se estiver com sintomas gripais, é melhor deixar de viajar. Se sentir algo durante a viagem, é melhor ficar distante das outras pessoas. Muitas pessoas que se vacinaram podem pegar o vírus e ter sintomas brandos, sem nem se dar conta de que ficaram doentes”, diz Freire.
Quem for viajar de ônibus ou avião, deve caprichar na qualidade da máscara (PFF2 ou N95) e preferir lugares abertos ao se reunir com pessoas que não fazem parte do convívio. “A chance de se infectar numa praia é menor do que em um restaurante fechado, por exemplo”.
Caso alguém tenha tido contato com um infectado durante a viagem ou desenvolva sintomas gripais, a recomendação é fazer isolamento em casa e procurar um laboratório para fazer um teste. De acordo com Freire, o ideal é fazê-lo cinco dias após o retorno.
“Se a pessoa mora com um idoso ou um imunossuprimido, é melhor ficar distante e ter contato usando máscara por alguns dias, para evitar contaminação para quem é mais vulnerável”, afirma o especialista.