TRANSFORMAÇÃO

Biblioteca Solidária leva livros para casas de detenção de Minas Gerais

Projeto garante o acesso à informação e à educação de detentos, em Betim e São Joaquim de Bicas

Por Raquel Penaforte
Publicado em 17 de fevereiro de 2020 | 10:00
 
 
 
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Um projeto inovador e inusitado tem levado cultura e educação para dentro dos presídios de Minas Gerais. A Biblioteca Solidária, criada pela escritora Paula Emmanuella Fernandes, surgiu há dois meses, mas já tem mobilizado a vida de muitas pessoas.

“O objetivo é que os presos saiam melhores. Eu acredito que a leitura proporciona novas ideias, além de ocupar a mente com coisas interessantes” afirma Paula.

De dentro da cela, trancado e vigiado por dezenas de agentes prisionais, Saulo (nome fictício), de 29, descobriu um meio de se sentir livre: nas mãos, que por vezes são algemadas pelos guardas, um livro abre novas possibilidades e oportunidades para ele.

“Ler me ajuda a formar novas opiniões sobre diversos assuntos. Quando eu sair daqui, terei novas visões do mundo. Além disso, a leitura, de um jeito ou de outro, me ensina muito”, disse o homem, que cumpre pena no Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) de Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, há sete meses.

Para o diretor de humanização de atendimento do Ceresp Betim, onde há 837 detentos atualmente, Paulo Henrique Prado, o projeto Biblioteca Solidária garante o acesso à informação e à educação. 
“A biblioteca preenche uma lacuna na vida deles. Com a leitura será possível ter novas possibilidades quando eles deixarem o sistema prisional”, afirmou. 

Conhecimento. Saulo está lendo o livro “Egressos do Sistema Prisional no Brasil”, que fala sobre os desafios de quem já viveu na prisão. “Fala sobre as dificuldades que vamos encontrar ao sair da prisão, mas mostra que é possível vencer”, diz. Antes de ser preso, ele cursou alguns períodos de direito e afirma gostar do tema.

Em todo canto. O projeto começou pelas ruas das cidades de Contagem e de Pedro Leopoldo, ambas na região metropolitana de Belo Horizonte. Hoje, além do Ceresp de Betim, do presídio São Joaquim de Bicas I e da Penitenciária Professor Jason Soares de Albergaria, os livros da Biblioteca Solidária também estão no Hospital Municipal de Contagem.

Doações. Para conseguir montar as bibliotecas nos presídios, a escritora Paula Emanuella Fernandes contou com doações de amigos das redes sociais. Agora, a ideia é expandir o projeto e levar livros para outras unidades prisionais.

“Quem acreditar na proposta pode doar livros de qualquer tipo e de qualquer assunto”, disse a idealizadora. Contribuir com o projeto é fácil! Basta procurar a Paula pelo email: paulaemmanuella@gmail.com ou pelo campo de contato no site: www.livrolandia.art.br.

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