Ação humanitária

Bombeiros mineiros que atuaram no Haiti são recebidos com homenagem em BH

Militares, que possuem experiência para atuar em situações de desastre, passaram 21 dias no país devastado por um terremoto de magnitude 7.2

Por Pedro Nascimento
Publicado em 13 de setembro de 2021 | 17:50
 
 
 
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Já estão em casa os quatro militares do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais que partiram no mês passado para uma missão no Haiti, país caribenho que em agosto foi atingido por um terremoto de magnitude 7.2 na escala Richter.

Os bombeiros desembarcaram na segunda-feira (13) no aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, e foram homenageados pela corporação em um evento que contou com a presença de familiares e dos colegas do  Batalhão de Emergências Ambientais e Resposta a Desastres (Bemad) na Academia Militar de Bombeiros, que fica ao lado do terminal.

A estadia no Haiti durou 21 dias. Nesse período, eles integraram a comitiva brasileira que contou com outros quatro bombeiros da Força Nacional e 24 do Distrito Federal em uma missão humanitária. O objetivo, além de socorrer as vítimas em ações de busca e resgate, foi promover ações das mais variadas para ajudar a população local.

A equipe do Corpo de Bombeiros de Minas que esteve no Haiti é composta por quatro militares: capitão Tiago Costa, tenente Rafael Rocha, sargento Wesley Bernardes Faria e sargento Thales Leite Braga. Todos eles são especialistas em operações de salvamento e gestão de desastres, com atuações em Brumadinho (2019), Mariana (2015) e até em Moçambique (2019).

Segundo o sargento Faria, os militares atuaram em diversas frentes logo após desembarcarem no país.

“Nossa missão foi focada primeiramente nessa questão de busca e resgate, mas com o avançar do tempo, nossa missão foi dividida na ação humanitária, então a partir disso trabalhamos na reconstrução de pontes, abrigos, entrega de alimentos, de avaliação estrutural de edificações e demolições de estruturas que ficaram comprometidas”, explica.

Nesse período, as dificuldades enfrentadas foram além do que era imposto pela natureza. A precariedade do país e a situação política também foram um agravante. “Era um cenário muito triste, eles amam muito o Brasil, então éramos bem recebidos, mas o terremoto trouxe muitos danos para um lugar que já tem suas dificuldades”, explica o tenente Rafael Rocha.

Além disso, o calor também dificultou a ação de quem trabalha no resgate e auxílio das vítimas. 

“O clima do Haiti, pelo menos nessa época do ano, é mais quente e úmido, então teve alguns momentos de chuva, mas essa sensação de abafo, de que o calor tá te cozinhando, não passa de jeito nenhum, nem de madrugada. É 1h de trabalho em que você perde líquido, litros de suor, então tem que estar muito atento à hidratação, bebendo no mínimo 5l de água por dia. Alguns militares chegaram a ter problemas de desidratação, dor de cabeça, então não é fácil não. A adaptação foi difícil”, explica o sargento Thales Leite Braga.

Volta para casa

Após deixarem o Haiti, os bombeiros mineiros foram para Brasília, onde dormiram, e logo em seguida partiram em mais um voo, dessa vez para Belo Horizonte. A pressa de chegar tinha uma justificativa: a saudade da família.

“Chegar e ver todos eles (familiares) te esperando, isso aí não tem preço. A saudade que a gente fica nesse tipo de missão é enorme. Por mais que hoje em dia a tecnologia nos aproxima de certa forma por chamadas de vídeo, não é a mesma coisa, e a gente vendo o sofrimento alheio de uma país como o Haiti faz com que a gente sinta ainda mais saudade de casa”, descreve o sargento Braga.

Por conta da situação do Haiti, os militares relataram que o acesso à internet não era feito todo dia.

O capitão Tiago Costa, que comandou a missão, revela que a principal preocupação era o retorno com segurança para casa, seja pela situação de risco do país provocado pelo terremoto ou até mesmo pela falta de segurança. Mas para lidar com esses problemas, a experiência foi uma forte aliada.

“É uma missão desafiadora, mas o que facilita o nosso trabalho é conhecer cada militar que estava integrando a operação e saber da capacidade técnica de cada um. São militares altamente capacitados e treinados e que já vivenciaram várias operações de resposta a desastres, então eu tive bastante confiança em cada um”, diz o capitão.

Como reconhecimento por parte da corporação, os militares ganharam cinco dias de folga antes de se reapresentarem para o trabalho.

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