Izabel Carolina de Jesus Oliveira, de 27 anos, precisou parar de trabalhar quando o filho, hoje com 2 anos, nasceu. Há cerca de seis meses, ela voltou a distribuir currículos. Mesmo com experiência como vendedora e recepcionista, Izabel não encontrou nada. O jeito foi trabalhar por conta própria. Há três meses, ela lançou a Bel Gourmet e vende bolo no pote pela internet e na porta da escola do filho.

Izabel está entre os 38,8 milhões de trabalhadores informais no Brasil, o que representa 41,4% da população ocupada, o maior índice desde que o IBGE passou a calcular a taxa, em 2016. Isso significa que, a cada dez trabalhadores, quatro estão na informalidade, segundo o último balanço divulgado pelo órgão, referente a junho, julho e agosto deste ano.

Nessa conta, entram funcionários do setor privado e empregados domésticos sem carteira assinada, empregadores e trabalhadores por conta própria sem CNPJ e quem auxilia os negócios da família.

Boleira ‘Maria da Paz’ da vida real
Com uma colher e um bolo no pote caprichado, a boleira oferece: “Aceita provar um pouquinho”? A cena parece até da personagem Maria da Paz, da novela das nove, da Globo, mas acontece na vida real. A protagonista, nesse caso, é a boleira Izabel Carolina de Jesus Oliveira, que fica em frente à Emei Santa Amélia, em Belo Horizonte.

Quem prova o bolo acaba não resistindo à tentação de comprar. Izabel aproveitou os R$ 500 do FGTS para investir em sua marca. Ela vende também pelas redes sociais (@belgourmet–cjo) e diz que, aos pouquinhos, o negócio está progredindo. “O importante é gostar do que faz”, concluiu.

Desemprego em queda
A informalidade ajudou a baixar o desemprego no país, de 12,3%, no trimestre encerrado em maio deste ano, para 11,8%, no trimestre concluído em agosto. “Quantitativamente, temos, sim, a expansão da ocupação. Mas qualitativamente, o processo de inserção tem sido apoiado em bases da informalidade”, afirmou a analista do IBGE Adriana Beringuy.

Redes sociais
Muitos trabalhadores informais têm ganhado dinheiro nas redes sociais. Natanne Silmara, de 27 anos, criou o perfil @companyimports–oficial no Instagram para vender perfumes, maquiagens etc. “Escolhi isso porque o mercado, além de ser preconceituoso com mães, oferece um salário que não paga escola e babá”, diz ela, que tem dois filhos.