Violência

Cães e gatos são esfaqueados e envenenados no Aglomerado da Serra, em BH

Só neste fim de semana, ONG protetora dos animais recebeu quatro denúncias de ataques e maus-tratos aos animais; um dos cachorros morreu

Por Bruno Mateus
Publicado em 26 de julho de 2020 | 18:37
 
 
 
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Os moradores do Aglomerado da Serra, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, estão preocupados com a violência que cachorros e gatos que vivem nas ruas da região têm sofrido nos últimos meses. Só neste fim de semana, a Ong Amor em Quatro Patas, que atua na proteção dos animais, recebeu denúncias de maus-tratos a quatro cães na Vila Marçola.

Os animais foram envenenados e esfaqueados - a cadela Princesa morreu; o cão Pequeno foi atingido com três facadas e está internado sem risco de morte na clínica veterinária Francisco de Assis, no bairro Padre Eustáquio, parceira da associação. Outros dois cachorros, Amarelão e Hulck, também foram vítimas de envenenamento e se recuperam no abrigo mantido pela ONG.

Presidente da Amor em Quatro Patas e moradora do bairro Serra, Aline Fernandez diz que a situação chegou a um nível alarmante e que os casos aumentaram durante o período da pandemia. Com dificuldades econômicas em virtude das consequências do novo coronavírus, muitas famílias têm abandonado os cachorros.

Segundo ela, o número de ataques aos animais é maior do que a ONG, criada em março, consegue registrar. “É impossível calcular exatamente. Isso tem acontecido com muita frequência, recebemos pedidos de socorro todos os dias, o tempo inteiro, parece um ataque em massa. Os casos que a gente pega não são nem a ponta do iceberg. É desumano, uma crueldade”, lamenta Aline.  

Os crimes ocorrem no período da madrugada e é muito difícil identificar os autores. A população tem feito esforços para cuidar dos animais, improvisando casinhas, comedouros e bebedouros para alimentá-los e minimizar os perigos a que estão expostos nas ruas.

“Não sabemos quem está fazendo isso. Tem animais jurados de morte, estamos tentando tirá-los da rua para protegê-los. O problema é que nosso abrigo é muito pequeno”, afirma. Atualmente, 12 cachorros passam por tratamento na Amor em Quatro Patas - aqueles que apresentam casos graves são encaminhados à clínica veterinária. 

No início do mês, Aline conta que um gato filhote foi encontrado em uma lixeira com hipotermia e o cordão umbilical exposto. O bichano acabou morrendo. “Aqui também tem muitos ataques a gatos. As pessoas jogam água quente, chumbinho para eles comerem, fazem atrocidades. É uma loucura”. 

De acordo com Aline Fernandez, a ONG é mantida financeiramente pelos próprios integrantes do coletivo, que se organizam pelo WhatsApp, e também por meio de doações, além de receber a ajuda de voluntários nos cuidados aos cães. Mesmo com as dificuldades, ela pondera que o trabalho é fundamental e continuará a ser feito. “Tiramos dinheiro do nosso bolso, vamos no peito e na raça. Não podemos nos calar, temos que denunciar o que está acontecendo”, ressalta.

Violência contra animais têm sido recorrentes

Infelizmente, a violência contra animais têm ganhado os noticiários recentemente. Na última quinta-feira (23), em Vespasiano, na região metropolitana de Belo Horizonte, um cão morreu após não resistir às fraturas múltiplas nas patas e uma infecção generalizada causada pelo corte de seu pênis. No início do mês, a história de Sansão, um pit-bull de 2 anos, ganhou repercussão nacional. O animal, que tomava conta de uma fábrica de ensacados, foi atacado pelo funcionário de uma empresa vizinha ao local. 

Sansão teve as patas decepadas e, após ficar 19 dias internado, recebeu alta veterinária na manhã de sábado (25). O homem de 44 anos, responsável pela agressão, foi conduzido à delegacia, multado e liberado. Ele acabou sendo demitido da empresa onde trabalhava.

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