Calorão: PBH afirma que está preparada para atender pacientes desidratados; veja

O calor que tem feito nos últimos dias, em função da massa de ar quente que atinge o país, pode ocasionar bem mais que uma sensação insuportável de quentura. Dores de cabeça, náuseas, desmaios e até infecções são alguns dos efeitos das altas temperaturas. Os agravos chegam primeiro aos Centros de Saúde e às Upas, e é por isso que a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) treinou às equipes assistenciais e completou o estoque de soros na capital. De acordo com o diretor de Promoção à Saúde e Vigilância Epidemiológica, Paulo Roberto Corrêa, se a demanda da rede SUS-BH crescer, a pasta vai informar à população ao emitir alerta de risco.   

A vendedora Scarlet Januário, 22, foi ao litoral do Rio de Janeiro no último fim de semana (11 e 12 de novembro) para se refrescar no mar. Mesmo usando protetor solar e buscando sombra na maior parte do tempo, ela pegou uma insolação. “Estou passando muito mal, com insolação e desidratação. Cheguei a ficar sem fala, fiquei fraca, desnorteada e com o corpo muito quente, tudo isso por causa do sol forte”, relata a jovem, que precisou buscar ajuda médica na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Barreiro.

Segundo ela, em Cabo Frio, cidade para onde viajou, os termômetros marcaram 34º, enquanto em Belo Horizonte, nesta terça-feira (14 de novembro), a máxima prevista é de 37º. Na unidade de saúde, Scarlet foi avaliada pela equipe e precisou tomar soro para recuperar a hidratação. “Hoje acordei com o olho bem fundo, ainda bem desidratada. A médica me recomendou tomar soro”, conta. Além das orientações médicas, ela garante que vai redobrar a atenção para evitar um novo episódio. “Bastante protetor solar, isotônicos e água”, diz.

Onda de calor provocou reforço na rede SUS-BH 

O diretor Paulo Roberto Corrêa informou que, antes mesmo da onda de calor começar na capital, todas as equipes dos Centros de Saúde e da Upas passaram por treinamento. “Como funcionam os atendimentos provocados pelo calor, possíveis complicações de saúde, principais sinais e sintomas, tudo isso foi conversado com as equipes. Não foi o nosso primeiro treinamento sobre o tema no ano, mas achamos importante reforçar”, explica. Segundo ele, os hospitais de urgência e emergência também receberam orientações, nesse caso, voltadas para as complicações de saúde que demandam internações. 

Estoques de soro estão no 100% em BH

Além disso, os estoques de soros foram abastecidos nas unidades de saúde da capital devido à onda de calor. O diretor de Promoção à Saúde e Vigilância Epidemiológica Corrêa explica que o tratamento é feito, na maioria dos casos, por soro de reidratação oral ou venosa, dependendo do grau de desidratação. “Alguns pacientes podem precisar também de antitérmico, mas a maioria demanda reposição de líquido. Principalmente crianças e idosos acabam precisando de hidratação venosa, por serem mais vulneráveis ao calor”, informa. 

De acordo com o diretor, não foi preciso realizar a compra de novos medicamentos e insumos, uma vez que o estoque já fazia parte da programação anual da pasta. Os mesmos fármacos podem ser usados também para atendimentos de outras doenças, como dengue e desidratação por outros motivos que não o calor. “E, se a demanda aumentar, estamos preparados”, completa Corrêa. 

Ainda não há estado de alerta, e possíveis complicações são avaliadas

A PBH não consegue estratificar o número de atendimentos causados por queixas pelo calor. Segundo a Secretaria de Saúde da capital, isso é porque os sintomas provocados pelas altas temperaturas também são comuns para outras doenças. Segundo o diretor Paulo Roberto Corrêa, mesmo que ainda não tenha sido constatada uma alta de atendimentos, o tema preocupa. “Ainda não tivemos aumento de casos, nem agravamentos. Mas fica o alerta. As equipes de saúde estão preparadas para receber essas pessoas, que vão ser hidratadas e acompanhadas para evitar complicações”, diz. 

O Executivo afirma que “monitora o fluxo de atendimento em todas as unidades da rede SUS-BH”. É esse acompanhamento que vai definir quando e como será preciso reforçar as medidas de enfrentamento ao calor. “Nós ainda estamos avaliando. Neste momento, as medidas atuais têm surtido efeito. Conseguimos passar a primeira onda de calor sem complicações. Caso a situação se complique, será comunicado alerta de risco, e vamos abordar novas soluções. Mas, neste momento, ainda não é preciso”, afirma Corrêa. 

Por que o calor preocupa? 

Segundo o diretor, os principais problemas de saúde relacionados às altas temperaturas começam pela desidratação. Os grupos mais vulneráveis são crianças e idosos, e o ressecamento de mucosas, como nariz, boca e olhos podem levar a infecções, como a conjuntivite. “É um alerta para a população. Está com a mucosa mais seca, a urina concentrada, teve queda de pressão, tontura? São sinais de que você não está repondo os líquidos adequadamente”, avisa. 

Caso os sinais de fraqueza continuem, o indicado é procurar o posto de saúde mais próximo. “Nesses casos, é preciso procurar a unidade de saúde para uma avaliação. Alguns extremos de desidratação podem causar até mesmo febre alta, por muito tempo embaixo do sol. O atendimento rápido vai evitar agravos”, continua o diretor de Promoção à Saúde e Vigilância Epidemiológica de BH. 

O médico de família e comunidade, Arthur de Oliveira Mendes, também chama atenção para como o calor pode agravar o tratamento de outras doenças. “Neste calor, o que temos visto muito, além de desidratação, é que as pessoas acabam piorando outros problemas de saúde e tendo dificuldades para fazer as atividades físicas do dia a dia. Ficam naquela moleza. Então, temos que ter cuidado nesse sentido”, pontuou. O médico também orienta a não se expor ao sol no horário de maior luminosidade, que é de 10h às 16h, ingerir bastante água, optar por roupas leves e claras e se manter em locais arejados.

Recomendações da Defesa Civil de BH para o calorão: 

- Hidrate-se durante o dia; 
- Prefira alimentos leves e frescos, como saladas, frutas, carnes grelhadas; 
- Evite frituras; 
- Durma em local arejado e umedecido por aparelhos umidificadores, ou ainda coloque uma bacia com água; 
- Evite atividades físicas ao ar livre e exposição ao sol entre as 10 e 17 horas; 
- Evite banhos com água muito quente, para não potencializar o ressecamento da pele, se necessário use hidratante; 
- Em caso de problemas respiratórios procure um especialista; 
- Não provoque queimadas em lotes vagos, matas ou florestas. Em caso de incêndio avise imediatamente, ao Corpo de Bombeiros (193), Defesa Civil (199) ou Polícia Militar (190).