A Câmara Municipal de Belo Horizonte solicitou à Prefeitura da capital mais informações sobre o projeto apresentado pelo executivo para conter as enchentes na avenida Vilarinho, em Venda Nova. Sem nenhum representante da prefeitura durante a audiência pública realizada nesta segunda-feira (11), os vereadores da Comissão Especial de Estudo das Enchentes da Avenida Vilarinho prometeram convocar algum representante da PBH para prestar mais esclarecimentos em uma nova reunião em abril. 

Na avaliação de especialistas, as intervenções não atacam as causas das enchentes e podem transferir o problema para outros pontos da cidades. A carta de obras para a avenida Vilarinho foi apresentada pelo prefeito Alexandre Kalil em dezembro do ano passado, pouco mais de um mês após o registro de três mortes na via durante um temporal. O pacote de intervenções, previsto para começar em julho deste ano, prevê a construção de dois túneis subterrâneos na avenida com capacidade de ecoar 305 m³ de água por segundo. O projeto está orçado em R$ 300 milhões. 

"Ficamos decepcionados com a ausência da prefeitura, enviamos os convites para todos os órgãos envolvidos. Estamos falando de um projeto que pode custar R$ 300 milhões e a função dos vereadores é fiscalizar o poder executivo. Não vamos abrir mão desse trabalho. O que vimos nesta audiência é que vários ambientalistas alertam é que esta solução proposta pela prefeitura não vai atender as necessidades. Precisamos ter conhecimento do projeto como um todo para avaliar se ele é uma boa solução ou não antes de se investir um valor tão alto em uma obra", afirmou o presidente da comissão, o vereador Doutor Nilton (PROS). 

Para o presidente do movimento "Eu Vilarinho", Ricardo Andrade, a comunidade do entorno da avenida está insatisfeita com o projeto. "A transposição das águas do Vilarinho para o Ribeirão Floresta causa um impacto muito grande não só ambiental, mas também na questão das vidas das pessoas. Temos uma mancha de alagamento já identificada na região do bairro Juliana e que com este tipo de obra vai ampliar muito essa mancha. O volume de água que temos previsto para passar por dentro destes túneis é um volume muito grande durante o período de chuva devido a impermeabilização do solo. Então, a pressão e a velocidade dessa água para o Ribeirão Isidoro e para o Ribeirão Floresta ela será muito ampliada", avalia. "Você precisa da participação das pessoas e das entidades neste debate. A prefeitura insisti em querer licitar esta obra e não realizar obras que já estão com projetos prontos. É um projeto que resolve somente problema de um ponto específicos na Vilarinho, não a questão de toda a região de Venda Nova", complementa. 

De acordo com o presidente da associação comunitária Juntos para o Progresso do Distrito de Venda Nova, Alair Pacheco, a comunidade não foi convocada para participar do projeto. "Quando chove em Venda Nova a gente não dorme. Passar por lá quando está chovendo é suicídio, é muito perigoso.  Temos mais de 300 mil moradores e todos eles gostariam de ser ouvidos pela prefeitura. Queremos que a prefeitura faça um projeto digno e que resolva para sempre o problema de inundação da Vilarinho", afirmou. 

Por meio de nota, a Secretária Municipal de Obras informou que que estão em desenvolvimento na Sudecap os detalhamentos das concepções apresentadas, orçamentos, bem como a elaboração de toda a documentação necessária para a publicação de processo licitatório. Ainda segundo a PBH, para a concepção da solução da obra na Vilarinho foram elaborados estudos hidrológicos e hidráulicos que contemplam as bacias do Nado, Vilarinho e Isidoro. 

Sobre a ausência de representantes na audiência pública, a PBH destacou que já estava agendada uma reunião para discutir e apresentar para a comunidade os projetos de drenagem nas bacias dos córregos Vilarinho e do Nado, na próxima quinta-feira (14), na Escola Municipal Francisco Magalhães. Por isso, a PBH optou por centralizar os debates nesta reunião por permitir a presença dos moradores e comerciantes.