Febre maculosa

Capivaras que vivem na lagoa da Pampulha têm bactéria

Presença do organismo no sangue comprova existência de agente da doença na região

Por JOSÉ VÍTOR CAMILO /ALINE DINIZ/Bárbara Ferreira
Publicado em 20 de novembro de 2014 | 19:00
 
 
 
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Mais da metade das capivaras retiradas da orla da lagoa da Pampulha já tiveram, em algum momento, contato com carrapatos contaminados com a febre maculosa. Isso não significa que todas elas oferecem, neste momento, risco de transmissão. Porém, comprova que a bactéria causadora da doença está presente na região e pode oferecer riscos à população. Na tarde de nesta quinta, o Ministério Público se reuniu com diversos representantes de órgãos ligados ao meio ambiente e á saúde para discutir medidas a serem tomadas. Não houve decisão, mas foram discutidas possibilidades de novos manejos e de um abate de capivaras contaminadas. Uma nova reunião está marcada para dia 1°de dezembro.


Segundo a gerente de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Maria Tereza da Costa Oliveira, 46 capivaras já foram capturadas. Delas, 28 apresentaram sorologia positiva, ou seja, têm anticorpos contra a bactéria. “Não significa que elas estão doentes, mas sim que tiveram contato com a bactéria”, explica.

Os estudos foram realizados a partir da captura dos animais, que começou em setembro. Eles estão no Parque Ecológico da Pampulha e, desde então, passam por diversos estudos. Segundo a infectologista Flávia Machado, apenas a sorologia positiva não comprova a contaminação. “A bactéria tem um antígeno, e, quando entra no sangue, há uma resposta do organismo. Essa resposta é a formação dos anticorpos que ajudam a combater o agente infeccioso, e esse tipo de anticorpo fica para sempre no sangue”, detalha.

Na reunião, levantou-se a possibilidade de sacrificar os animais, mas ainda segundo a gerente da Secretaria Municipal de Saúde, não se pode decidir por essa medida, já que não se sabe se os animais estão realmente doentes. A promotora de Defesa do Meio Ambiente Lilian Marotta afirma que essas reuniões acontecem exatamente em “busca da solução responsável” para o caso.

O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) também participou do encontro e, segundo o analista ambiental Júnio Augusto, o órgão deve receber os resultados dos exames no início da semana que vem vai estudar algum procedimento para evitar a contaminação de animais e humanos.

Patrulha
Carro.
A prefeitura forneceu mais um carro para o Programa de Recuperação e Desenvolvimento Ambiental da lagoa – agora são dois. O veículo irá reforçar as ações da Patrulha Ambiental.

Contaminação em carrapatos

Além da análise das capivaras, a Fundação Ezequiel Dias (Funed) estudou cerca de 200 carrapatos capturados na orla da lagoa da Pampulha e confirmou que 70% deles têm a sorologia positiva para a bactéria.

Assim como nos roedores, isso não significa que eles estejam doentes e sim que já estiveram em algum momento. A Funed informou que vai continuar realizando exames.

Entenda o caso
O problema
.A situação das capivaras chamoua atenção quando, no início do ano, um rapaz de 20 anos, frequentador da Pampulha, morreu com sintomas da febre maculosa.

A remoção. Em 29 de setembro, a empresa Equalis Ambiental, contratada pela prefeitura, começou o manejo dos animais. Até agora, segundo o Executivo, 46 das cerca de 90 capivaras identificadas na região foram levadas para cercadinhos isolados no Parque Ecológico da Pampulha, onde a saúde delas está sendo avaliada. O destino dos animais ainda não foi informado, e não há data para o fim do manejo.

Contaminação. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, em 2014 não houve nenhum caso de contaminação na capital. Já entre 2011 e 2013, houve dois casos de febre maculosa na cidade.

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