Infecção

Casos de gastroenterite crescem 54% em Belo Horizonte; veja como se prevenir

Alta pode ser consequência da pandemia, já que crianças ficaram isoladas e, sem contrair a doença, acabaram ficando suscetíveis aos agentes infecciosos com a reabertura

Por José Vítor Camilo
Publicado em 21 de junho de 2022 | 10:00
 
 
 
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Diarreia, cólicas, vômito e febre baixa. Esses são alguns dos sintomas de uma doença que vem acometendo um grande número de pessoas, em especial as crianças, em Belo Horizonte: a gastroenterite. Causada principalmente por vírus de grande circulação entre a população, a doença apresentou, somente na rede pública da capital mineira, um aumento de 54,8% nos quatro primeiros meses de 2022. 

Dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) indicam que, de janeiro a maio, foram registrados 333 atendimentos devido à gastroenterite virótica nas unidades básicas de saúde de BH, enquanto, no mesmo período de 2021, foram 215 pacientes atendidos. "É importante ressaltar que são anos atípicos e as restrições e flexibilizações durante a pandemia devem ser consideradas para análise dos dados", completou a pasta. 

A sobrinha de 8 anos da artesã Paula Carvalho, de 45 anos, apresentou sintomas da gastroenterite na última semana, com muito vômito, diarreia, febre e prostração. "Ela emagreceu muito, por não conseguir comer. Só começou a melhorar cinco dias depois do início dos sintomas", detalhou. 

Ela conta que, na véspera do aparecimento dos sintomas, a menina só tomou um café em casa e, por isso, suspeita que a infecção possivelmente aconteceu na escola. "Levamos ela no médico, que informou que estaria rolando um surto de gastroenterite em BH", detalha Paula. 

O servidor público Marcelo Eduardo Rocha, de 44 anos, também viu a filha de 11 anos sofrer com os sintomas na última semana. Inicialmente ela teve dor de cabeça e mal estar, mas, pouco depois, sentiu náuseas e começou a vomitar. "Tivemos que levá-la ao hospital, onde tomou soro na veia. A médica afirmou ser gastroenterite e passou alguns remédios para evitar o vômito e a diarreia, mas ela só ficou melhor depois de cinco dias, foi uma situação terrível", lembra. 

A principal suspeita da família é de que o vírus tenha sido transmitido durante uma visita da filha na casa de uma colega, onde esteve no domingo. "Na segunda, duas crianças que estavam no local também adoeceram", detalha o servidor público. 

Isolamento social pode ser causa do aumento 

Procurado pela reportagem de O TEMPO nesta segunda-feira (20), o infectologista pediátrico e membro da Sociedade Brasileira de Pediatria Marcelo Otsuka explica que, com a pandemia da Covid-19, ocorreu no Brasil o que ele chamou de "epidemia ao contrário". 

"Entre 2020 e meados de 2021, as crianças não iam para a escola, os pais usavam máscaras, álcool em gel e adotavam um distanciamento maior. Com isso, elas ficaram em uma espécie de cúpula, protegidas. Por isso, no período houve uma circulação muito pequena de vírus e infecções gerais", conta o especialista. 

Com a recente reabertura das atividades e retorno das aulas, os vírus encontraram um número maior de crianças que ainda não tiveram contato com os agentes causadores da gastroenterite."Por isso, elas estão mais suscetíveis às infecções e, consequentemente, temos um número maior de crianças doentes. Isso faz com que aumente a circulação dos vírus também entre os adultos, o que eleva os quadros gastrointestinais também nessa faixa etária", complementa Otsuka. 

Entretanto, o infectologista destaca ainda que é importante ter em mente que o novo coronavírus também causa quadros gastrointestinais, principalmente em crianças, faixa em que este tipo de sintoma aparece em 20% a 40% dos casos confirmados de Covid. "Importante que isso seja considerado para evitar a disseminação da doença", finaliza. 

Higiene é a melhor prevenção

A gastroenterite viral é uma inflamação aguda do intestino e do estômago causada por vírus como o rotavírus, astrovírus, adenovírus e norovírus, causando principalmente diarreia e vômito, sintomas que podem durar até sete dias. 

Geraldo Cunha Cury, infectologista e professor da Faculdade de Medicina da UFMG, explica que a transmissão ocorre de maneira fecal/oral, ou seja, quando a pessoa infectada vai ao banheiro, não lava as mãos, e toca em pessoas e locais onde outros acabam encostando e levando à boca. 

"Por isso é muito importante lavar a mão com sabão e água, o uso de álcool em gel, principalmente antes de comer e depois de ir ao banheiro. Por conta da forma de transmissão, é comum se ver muitos casos em creches e em restaurantes ou bares com muito movimento", completa. 

Como se prevenir

  • Sempre lave as mãos após ir ao banheiro
  • Higienizar as mãos sempre antes de se alimentar 
  • Lavar bem todos os alimentos 
  • Evitar entrar em casa com sapatos sujos da rua, especialmente se tiver crianças pequenas em casa 
  • Sempre lavar a chupeta caso ela caia no chão 

Tratamento 

  • Hidratação com soro e muito consumo de água 
  • Reposição da flora intestinal 
  • Alimentação saudável e adequada

 

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