Na segunda (17)

Cefet-MG inicia aulas remotas para estudantes dos ensinos Técnico e Médio

Apesar da retomada das atividades após quase cinco meses, alunos reclamam da ausência de auxílio para quem não tem acesso à internet e ao computador em casa

Por Lucas Morais
Publicado em 16 de agosto de 2020 | 03:00
 
 
 
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No novo normal que já se tornou rotina para muitos estudantes da rede particular desde abril, as aulas remotas dos cursos técnicos e o ensino médio no Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG) só começam na próxima segunda-feira (17) – quase cinco meses após o início da pandemia do coronavírus no Estado. Já as turmas da graduação tiveram as atividades retomadas no início do mês.

E a ansiedade pela volta às aulas deu lugar à preocupação para muitos estudantes. É o caso da Isabela Gonçalves, 17, que está no segundo ano do Ensino Médio com técnico em Trânsito. Como o Cefet-MG tem um universo grande de alunos que convivem com a vulnerabilidade social e econômica, a jovem lembra que muitas pessoas não possuem espaço adequado de estudo em casa e nem acesso à internet e ao computador.

"Não sabemos como vai ser daqui para frente. Falta uma comunicação com os estudantes e a principal forma de acesso que temos às informações da comunidade acadêmica é através do grêmio estudantil. Até fizeram uma semana de acolhimento com lives, mas não respondiam as principais dúvidas", afirma.

Em casa, Isabela tem só um computador básico e que não funciona bem. "No nosso curso técnico, precisamos acessar programas que exigem configurações mais avançadas. O que tenho não dá para baixar e ainda está com problemas no teclado", acrescentou. E por conta do empréstimo de um notebook do grupo de estudos em que é bolsista ela vai conseguir ter acesso a um equipamento melhor para as aulas. "Mas tem muita gente que não teve essa mesma oportunidade", disse.

Sem auxílio

Já o estudante do curso técnico de Meio Ambiente, Arthur Quadra, lembra que as aulas remotas vão começar sem nenhum tipo de auxílio do Cefet-MG em relação à inclusão digital. "Até publicaram uma pré-inscrição para quem precisa dessa assistência, como se fosse para ganhar tempo. As aulas da graduação já começaram e as nossas vão ser iniciadas sem a garantia de que todos os estudantes tenham equipamento para as atividades virtuais", argumenta.

Quadra, que também é diretor da Federação dos Estudantes em Ensino Técnico, comenta ainda que o retorno acontece há poucos meses do Enem, que deve ser aplicado no início de 2021. "É uma dificuldade, já quem está na rede privada possui acesso às aulas remotas há muito mais tempo. Faltou um planejamento adequado".

Inclusão digital

Na última sexta-feira (14), o Cefet-MG iniciou as pré-inscrições ao Processo Seletivo para Inclusão Digital – três dias antes do início do ensino remoto. Os interessados em solicitar o auxílio nos níveis Médio, Técnico, Graduação e Pós-Graduação devem enviar os dados até o dia 23 de agosto. 

"A etapa é condição obrigatória, mas não se configura como inscrição final do candidato, nem garante o acesso ao auxílio. Os interessados devem acompanhar a página do Cefet-MG para conferir as fases seguintes do processo", informou a instituição.

Faltam livros didáticos

Além de não garantir o acesso de todos às plataformas digitais, a estudante Isabela Gonçalves conta também que até hoje a maioria dos alunos da unidade não recebeu os livros didáticos do ano. "Não temos notícia se vai ser enviado ou não. Teve até um professor que mandou um link com livros em PDF, só que diferença para o físico é grande. Teremos que ficar saindo da sala virtual para abrir o livro? Isso é muito complicado", questiona.

O centro de educação chegou a fazer um convênio com uma biblioteca virtual, porém ainda não foi disponibilizada aos alunos. Com isso, as aulas começam sem um material didático adequado, afirma Isabela. O Cefet-MG não se manifestou sobre as reclamações dos alunos até o fechamento desta reportagem.

 

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