Devido a pandemia do coronavírus no Brasil, estabelecimentos comerciais estão impossibilitados de abrirem lojas, restaurantes e bares por tempo indeterminado na capital mineira.
O fechamento das lojas deve gerar um rombo na oferta de emprego ainda no mês de março, segundo o Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Belo Horizonte e Região Metropolitana (Sindhorb).
De acordo com o presidente da entidade, Paulo César Pedrosa, a previsão é de que 10 mil vagas sejam fechadas.
“A crise é muito brava. Estamos esperando o fechamento de cerca de 50 hotéis. Só no mês de março 10.000 trabalhadores estarão perdendo o emprego, podendo chegar a 50 mil no Estado. Como vamos fazer se a gastronomia toda está fechada? Apenas 1% ou 2% é delivery. Como vou pagar IPTU se estou com empresa fechada? A situação é de medo, incerteza total”, afirmou.
Criatividade para não parar
Estratégias nas redes sociais, redução de pessoal e ampliação das ofertas de entrega a domicílio. É assim que boa parte dos estabelecimentos de Belo Horizonte e região metropolitana tem tentado sobreviver ao fechamento ainda indeterminado das lojas físicas, provocado pela pandemia do novo coronavírus.
Além disso, entregadores e comerciantes têm tido que redobrar atenção para que contato com cliente seja praticamente nulo, como orientam os médicos infectologistas.
A estimativa do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Belo Horizonte e Região Metropolitana (Sindhorb) é de que 1.500 estabelecimentos da capital e cidades vizinhas estejam atuando com delivery nesses dias.
Localizada na Savassi, na região Centro-Sul da capital, a hamburgueria Severo Garage já registrou uma queda de 70% no faturamento. Desde a última sexta-feira, estabelecimento está funcionando apenas com entregas por aplicativo ou no próprio balcão.
“O impacto financeiro é muito grande. Como a nossa localização é privilegiada, tem um fluxo de público muito grande em busca de alimentação e lazer. Esse público representava dois terços do faturamento da casa, e o delivery um terço. Nesses primeiros dias, grande parte da população se abasteceu muito em casa, então isso também faz com que a demanda por delivery seja menor”, afirmou a proprietária do local, Natália Nogueira Dias Sana Neves.
Para Natália, prejuízo é ainda maior porque grande parte da receita deve ser dividida com os aplicativos de entrega. “Já há queda de faturamento bastante expressiva e a margem desses aplicativos vai pesar ainda mais no resultado financeiro da empresa. A gente espera que as empresas revejam essas taxas, principalmente nesse momento, pra que quem ainda conseguiu se manter no mercado consiga ter um respiro financeiro”, ponderou.
O que dia a CDL
Para a Câmera de Diligentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), o esforço tem sido canalizado em tranquilizar comerciantes e, ao mesmo tempo, reforçar a conscientização.
“Nossa grande preocupação neste momento é com a continuidade das operações das lojas. É que quando passar essa crise as lojas continuem abertas, funcionando, e com a mesma quantidade de empregos. A gente acha que essa modalidade de reestudar para que possa fazer o delivery ameniza bastante o prejuízo, mas com certeza ele vai vir”, afirmou o presidente da instituição, Marcelo de Souza e Silva.
A Picolé do Amado, empresa tradicional de São João Del Rei, na região Central do Estado, e que tem lojas em Tiradentes e Belo Horizonte, também teve que implementar o delivery pela primeira vez. “Estamos no mercado desde 1965 e é a primeira vez que passamos por uma fase dessas. Tivemos que fechar todas as nossas lojas por causa da pandemia do Covid-19 e tivemos que adequar as necessidades. Estamos trabalhando há cinco dias com delivery. Está sendo muito bem aceito, um sucesso. Tivemos que adequar para levar conforto, refrescar e adoçar a vida dos nossos clientes”, afirmou Fernanda Machado, uma das proprietárias da empresa. (Com Tatiana Lagôa).