A greve de tanqueiros em Minas Gerais, iniciada nessa quinta-feira (21), leva motoristas a enfrentar filas virando quarteirões e ignorar o alto preço dos combustíveis, com receio de ficar de tanque vazio até a próxima semana.

Em um posto no início da avenida Cristiano Machado, na região Nordeste da capital, a gasolina aumentou R$0,10 desde essa quinta-feira (22) e chegou a R$6,69 antes de acabar. O gerente, Igor Marques, diz que o aumento procura compensar o prejuízo que um dia sem combustível pode causar.

“Um dia sem combustível pode levar a R$10 mil de lerda. Mas acho que essa greve não dura mais de 24 horas”, avalia. O Sindicato das Empresas Transportadoras de Combustíveis e Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais (Sindtanque-MG) afirma que não tem prazo para encerrar a paralisação.

Em outro posto na avenida, ainda havia gasolina no final da manhã desta sexta-feira (22), a R$6,79 o litro, aumento de R$0,10 em um dia. O promotor de vendas Helbert Isaac, 37, utiliza um carro para trabalhar que só aceita gasolina e diz ser obrigado a aceitar o preço alto para continuar trabalhando.

“Esse aumento é uma sacanagem, os postos aproveitam o momento para aumentar o preço. Depois a gente quer que esse país vá para a frente, mas somos o reflexo de quem está lá em cima no governo”, pontua.

O gerente do local, Carlos da Silva, afirma que a alta demanda não é vantajosa para o posto, mesmo com o aumento do preço, já que a alta demanda sobrecarrega os funcionários e a falta de combustível nos próximos dias poderia levar a prejuízos maiores que o ganho. “Tivemos que subir o preço e, infelizmente, muita gente precisa de gasolina para trabalhar”, diz.

Em outro posto da avenida, onde já não havia gasolina, o advogado Flávio de Assis, 48, completava o tanque com R$120 de álcool, mas com planos de manter o carro em casa no fim de semana e só utilizá-lo em emergências. “Fui ao dentista e passei no posto onde costumo abastecer mais barato. A fila estava enorme e eu nem sabia da greve. Vou abastecer por medo de ficar sem na semana que vem”.

O administrador do site de pesquisas de preço Mercado Mineiro, Feliciano Abreu, avalia que o melhor seria não abastecer, caso seja possível, mas reconhece que profissionais que necessitam do carro para trabalhar não tem muita saída.

“O consumidor não pode ser massa de manobra para a categoria. A reivindicação (dos grevistas) é justa, mas o consumidor não pode pagar essa conta de novo. Imagina estar super apertado e ter que encher o tanque para trabalhar na semana que vem ou ter um idoso em casa”, pondera.