Insegurança

Comissão aponta falhas em protocolo de volta às aulas presenciais em BH

Ventilação inadequada em creches, escolas infantis e falta de testagem em assintomáticos são alguns dos problemas levantados

Por Renata Evangelista
Publicado em 21 de abril de 2021 | 16:22
 
 
 
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Ventilação inadequada nas creches e escolas da educação infantil. Falta de testagem nos infectados com a Covid-19 assintomáticos, mas vetores potenciais do vírus. Proximidade entre estudantes com familiares em grupos de risco. Além da não vacinação de professores e funcionários da educação.

Essas foram algumas das falhas encontradas no protocolo formulado pela prefeitura para o retorno das aulas presenciais em Belo Horizonte. Os problemas foram levantados por uma comissão da Emei (Escola Municipal de Educação) Alaíde Lisboa, instalada na UFMG. Conforme o grupo, formado por pais de alunos, servidores da educação e da saúde, os erros nas regras de segurança podem colocar as crianças e os familiares em risco.

"A prefeitura tem feito um bom trabalho frente à pandemia, mas a volta está sendo apressada e algumas etapas importantes estão sendo puladas. A aula presencial é fundamental, mas, com segurança", defende o professor do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG Cleiton Lopes Aguiar.

Pai de uma menina de 5 anos, ele diz não ter coragem de deixar a filha frequentar a Emei neste momento e listou alguns dos motivos. Segundo Aguiar, está cientificamente comprovado que a Covid-19 também pode ser transmitida pelo ar.

"Os protocolos não especificam como será a ventilação nas escolas, apenas dizem que as aulas devem ocorrer, preferencialmente, ao ar livre. A aula, contudo, começará no frio. As janelas e portas serão mantidas abertas no frio? Ou os alunos terão aulas ao ar livre com a baixa temperatura?", questiona.

Além disso, o biólogo cita estudos mostrando boa parte do contágio ocorrendo em casos assintomáticos. No entanto, a PBH não tem proposta para testagem para rastrear possíveis infectados que não manifestaram a doença, mas que transmitem o vírus. "Como a prefeitura monitorará casos da comunidade escolar se não está previsto teste PCR em massa?", indaga. 

"Se quiser pensar em início de aula, precisa vacinar professores e funcionários das escolas. Voltar às aulas é importante. Mas, vacinar e testar, é fundamental. É importante que volte, mas de maneira correta", argumenta.

Perigo

A comissão ainda aponta o risco de misturar em uma mesma "bolha", como estão sendo chamados os pequenos grupos de alunos e professores, as crianças mais expostas ao vírus, seja por ter um membro da família trabalhando na linha de frente da pandemia ou por utilizar o transporte público. 

Além disso, Aguiar cita as novas variantes, responsáveis por disparar o número de internações de crianças. "Complicado é perder um filho de cinco anos de idade. Não vou mandar a minha (criança) para a escola neste momento. Cada um toma sua decisão. Contudo, as decisões individuais impactam no coletivo", enfatiza.

As falhas levantadas pela comissão foram repassadas à Secretaria Municipal de Educação (Smed) há mais de um mês. No entanto, ainda não houve retorno dos questionamentos. Procurada pela reportagem de O Tempo, a prefeitura informou que "o protocolo será publicado por meio de portaria da SMSA ainda esta semana".

Com relação a vacinação dos professores, o executivo destacou que a ordem de imunização é determinada pelo governo federal. "O município não tem autonomia para alterar as ordens de público prioritário indicadas pelo Ministério da Saúde, tendo assim que seguir as regras informadas para a imunização".

Em BH, as aulas do ensino infantil na rede particular estão autorizadas para a próxima segunda-feira (26) e na rede pública no dia 3 de maio.

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