O presidente do Conselho de Saúde de Divinópolis, Warlon Carlos, afirma que a entidade representativa vai entrar com mandado de segurança contra o governo de Minas exigindo a abertura do Hospital Regional Divino Espírito Santo. Segundo o representante do órgão, que atua no controle da execução do serviço municipal de saúde, a unidade está 80% concluída, e seu funcionamento representaria mais cem leitos de enfermaria e mais 30 de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
O objetivo, garante Warlon, é evitar um colapso do sistema de saúde do município. “Divinópolis responde por toda uma região, é um polo regional, atendendo cerca de 1,7 milhão de pessoas”, aponta. Ele teme que os decretos que permitem a abertura comercial em cidades vizinhas, caso de Nova Serrana, façam com que a curva de contágios cresça de forma mais acelerada.
Diante deste cenário, o conselheiro lembra que Divinópolis possui apenas cerca de 200 leitos que poderiam ser usados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) – incluindo, neste cálculo, as vagas abertas com a construção do hospital de campanha, erguido no estacionamento da Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) da cidade.
Os 130 adicionais representariam, portanto, um aumento de 65% desse total. Ainda assim, alerta Warlon, o volume iria apenas amenizar o problema. “Hoje, estamos tranquilos porque a proliferação da doença ainda está no começo. Quando chegar ao pico, teremos dificuldades para acomodar todos os pacientes”, afirma.
Informando que o Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região Ampliada Oeste para Gerenciamento dos Serviços de Urgência e Emergência (CIS-URG) estima que a abertura do Hospital Regional Divino Espírito Santo levaria até 30 dias, Carlos calcula que até 780 pessoas poderiam ser atendidas no lugar – considerando uma previsão de que o ciclo da Covid-19 se estenderá por mais dois meses.
Ele reforça que o espaço poderia ser usado posteriormente para cirurgias eletivas, que estão suspensas por ora – o que pode gerar uma grande fila de espera, que seria desafogada com a abertura da unidade, aponta.
Por ser contra reabertura comercial, Conselho de Saúde sofre ataques nas redes sociais
Além de se empenhar na luta pela abertura do hospital, o Conselho de Saúde de Divinópolis lida com a pressão de setores empresariais que defendem a reabertura comercial na cidade.
Depois de se posicionar contra a medida, apoiando a posição da prefeitura, do governo do Estado, do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS), Warlon foi atacado em redes sociais.
De acordo com o informe municipal sobre a Covid-19 em Divinópolis, publicado na tarde desta terça-feira (7), a cidade possui 16 casos confirmados da doença. Outros 769 são investigados.
Outro lado
A reportagem de O TEMPO questionou a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) sobre a demanda de abertura do Hospital Regional Divino Espírito Santo, mas não havia obtido retorno até a publicação desta reportagem.