Em entrevista exclusiva à rádio Super 91,7 FM e ao jornal O TEMPO nesta quinta-feira (9), o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, disse que foi feito um plano para proteger a população que vive nas vilas e aglomerados, pessoas “que nunca foram invisíveis”, na fala dele.

“Foram (tomados) cuidados, foram cadastrados, por isso que em 24 horas as famílias dos alunos tiraram quase todas as cestas básicas. A partir de hoje, começam todos os vulneráveis a retirar cestas, é um investimento de R$ 120 milhões em cestas básicas para essa população que, para nós, nunca foi invisível. É outra coisa: como nós estamos cuidando dessa gente? (De) morador de rua nós sabemos nome, sobrenome, onde está. Sabemos tudo: quem vende cachorro-quente, pipoca, temos cadastro de todo mundo. Aqui não demorou nada, porque não foram tratados como invisíveis”, afirmou.

Ele também disse que tenta tirar a população da rua desde o início de seu mandato. “A maior frustração do prefeito é não conseguir tirar o morador de rua da rua. Porque a Pastoral da Terra não deixa, a defensoria pública não deixa. Mas agora tenho que tirar, e estou tentando tirar há três anos e meio. Agora estamos vendo quem tem sintomas, estamos abrigando no Sesc Venda Nova, mas foi uma luta de três anos e meio (em) que não deixaram a prefeitura agir como nós agimos com os camelôs”, afirmou.

Confira a íntegra da entrevista com o prefeito Alexandre Kalil:

Volta às aulas

O prefeito de BH também afirmou que a distribuição das cestas para a população carente de BH vai acontecer pelos próximos três meses. Ao todo, 380 mil cestas básicas serão entregues nesse período. Até lá, Kalil espera que as aulas já tenham retornado. 

“Espero que até lá já possamos dar merenda para as crianças, mas todos devem seguir (o isolamento). Todos devemos ter horários. Horário para idoso andar de ônibus, vamos mudar o horário do supermercado, abrir em horário diferente as farmácias para diminuir gente. Estamos adiantando a compra de vale-transporte para os ônibus não pararem. O cenário é de guerra, e na guerra tudo muda, e vai mudar. E não vamos envergonhar ninguém. Agora, o rumo é o mesmo, o rumo não se muda. O fechamento e o isolamento, e esperar que o pior vai vir. Escutei de três infectologistas: o pior vai chegar”, reforçou.

Comércio

Em relação à pressão que possa estar sofrendo para flexibilizar a abertura de setores comerciais, Kalil, mais uma vez, disse que isso não o impedirá de manter o isolamento social.

“Eu já sou conhecido da população de Belo Horizonte. Existe a expressão que uso muito lá em casa: “não empurra, não, que é pior”. Então, não tem pressão neste mundo que vá mudar a minha filosofia, do que o mundo está ensinando. É claro que há, todo dia, de todo lado. Tem deputado que é amigo de deputado que é primo de deputado que é dono de não sei o quê. Não tem jeito. A decisão da prefeitura é de isolamento. Temos estrutura, temos guarda, ajuda da polícia, essa é a determinação. E onde houver decreto de afrouxamento a cidade vai barrar”, reforçou.