O delegado Amadeu Trevisan, responsável pelo inquérito que investiga a morte do ex-jogador do Cruzeiro Daniel Corrêa Freitas, concedeu, na manhhã desta quarta-feira (6), uma coletiva de imprensa para dar mais detalhes do caso.
Segundo Trevisan, o depoimento do empresário Edson Brittes Júnior, que confessou ter matado o jovem, que estava marcado para esta manhã, não aconteceu. "O advogado dele não compareceu e nós não conseguimos ouvir ele mais uma vez. A expectativa é que o novo depoimento aconteça até a manhã desta quinta-feira (7)", disse.
Para o delegado, a solução do crime está praticamente concluída, mas resta saber ainda alguns detalhes para que tudo seja esclarecido de forma mais detalhada possível. "Desde o começo a família Brites mentiu em depoimento, mas o crime em si já está desvendado. O que resta saber é por que houve tanta violência, já que o Edson teve muito tempo para pensar. Também ainda vamos concluir por que houve a participação de outras pessoas", disse Trevisan.
Ainda segundo o delegado, mais tarde, por volta das 15h, mais quatro testemunhas devem ser ouvidas. Todas elas são consideradas importantes para a polícia, porque estariam na casa da família Brites no dia do crime.
Trevisan informou, porém, que o conteúdo dos depoimentos é sigiloso e que não será revelado.
Ainda segundo ele, Allana Brittes, filha do empresário, e a mulher dele, Cristiana Brites, também foram ouvidas novamente e continuam na delegacia, mas devem ser transferidas para um presídio feminino do Paraná. O delegado explicou que as duas devem ser indiciadas por coação de testemunhas, já que para ele não há dúvidas de que a família tentou coagir testemunhas que estavam na casa, inventando uma história diferente da ocorrida no dia do assassinato.
O encontro da família com as testemunhas teria acontecido na segunda-feira (29), um dia após o crime, em um shopping. Na ocasião, eles se encontraram com um amigo, identificado pela polícia como Lucas, conhecido como Mineiro, e que também já foi ouvido.
SEM DROGAS NO CORPO
O delegado Amadeu Trevisan também informou que Daniel estava alcoolizado e que um exame apontou 13,04 miligramas de alcool por litro, mas que não havia presença de droga no corpo do jogador.
Também não há dúvidas de que ele saiu da casa vivo, já que Allana confessou ter visto Daniel se mexendo no momento em que era colocado no carro.
Sobre as fotos e mensagem enviadas por Daniel a uma amigo, Trevisan afirmou que tudo está em análise, assim como a ordem cronológica do crime. "Edson contou que ele trocou a roupa da esposa, mas a Allana afirmou que ela foi quem trocou, já que a mãe, que estava de vestido, dançava em cima da mesa da casa. Então, a filha decidiu colocar um pijama na Cristiana", contou, apontando as divergências nos depoimentos.
Todos os suspeitos de participação no crime devem ser indiciados por homicídio qualificado. O delegado não detalhou as qualificações.
RELEMBRE O CASO
Daniel Correa Freitas, de 25 anos, foi encontrado morto no dia 28 de outubro, em uma área rural conhecida como Colônia Mergulhão, em São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba, e o corpo foi velado e enterrado em Conselheiro Lafaiete, onde moram os familiares do jogador de futebol.
No dia 31 de outubro, a Polícia Civil ouviu Edison Brites Júnior, principal suspeito do assassinato de Daniel. A corporação chegou até ele depois de uma testemunha ter afirmado que o jogador e mais seis pessoas estavam em uma boate de Curitiba e depois foram para a casa do suspeito do crime.
Segundo ela, Daniel foi espancado por quatro pessoas em um dos quartos da casa e pedia para ser morto. De acordo com o advogado da testemunha, o autor do crime procurou as pessoas que estavam na casa para conversar e tentar mudar as versões da história. Na data, a principal suspeita era a de que o jogador teria se envolvido com a esposa do empresário.
Posteriormente, a Polícia Civil divulgou que o crime aconteceu depois da festa de 18 anos de Allana. A comemoração começou em uma casa noturna, no dia 26 de outubro, e se estendeu até a manhã seguinte, na casa da família. Daniel foi espancado na casa e depois levado para um matagal, onde o corpo foi encontrado.
PRISÃO DOS SUSPEITOS
No dia 1º de novembro, a Polícia Civil divulgou a prisão dos três principais suspeitos da morte de Daniel. Além do empresário Edson Brites Junior, também foram detidos a esposa dele, Cristina Rodrigues Brites, e a filha, Allana Brittes, de 18 anos. Os três permanecem presos.
Em depoimento dado à Polícia Civil, Brittes confessou o crime e disse ter ouvido a mulher gritar por socorro num dos quartos da casa. Como a porta estava trancada, ele a teria arrombado e flagrado Daniel tentando estuprá-la.
TROCA DE MENSAGENS
Também no dia 1°, foi revelado conteúdo da troca de mensagens por celular entre Daniel e um amigo, pouco antes de ele ser morto. Na conversa, a possibilidade de que o jogador teria sido morto por vingança foi reforçada.
De acordo com as mensagens enviadas por Whatsapp, Daniel disse que havia conhecido toda a família no aniversário de 18 anos da filha de Brittes, por isso teria sido convidado a continuar a comemoração na casa onde tudo começou. A conversa teria começado por volta das 8h10 de sábado, 27 de outubro.
SUSPEITOS LIGARAM PARA MÃE DE DANIEL
No dia 2 de novembro, O TEMPO revelou que tanto o assassino confesso do crime, Edison Brittes Júnior, como a filha dele, Allana Brittes, entraram em contato com Eliana, mãe do jogador, para dar os pêsames e prestar ajuda, oferecendo até irem ao Instituto Médico Legal (IML) para reconheceram o corpo do atleta.
No domingo (28), quando o corpo do atleta foi encontrado, Allana manteve contato via WhatsApp com a mãe do jogador para se oferecer para buscar hotéis nos quais ela poderia se hospedar em Curitiba. No mesmo dia, o pai da jovem ligou para a mãe do jogador para dar os pêsames.
Polícia Civil ouve mãe e filha
Nesta segunda-feira (5), a Polícia Civil coletou depoimentos da mulher e da filha de Edson Brittes Junior, mas o horário não foi revelado. De acordo com a corporação, detalhes sobre o depoimento delas serão divulgados na manhã desta terça-feira (6).
CARREIRA
Daniel fez sua estreia no futebol no Cruzeiro, mas foi só em 2013, no Botafogo, que jogou profissionalmente pela primeira vez. O meio-campista chamou atenção no time carioca ao marcar cinco gols em 28 jogos do Campeonato Brasileiro do ano seguinte.
Em 2015 foi contratado pelo São Paulo, mas o jogador não rendeu o esperado com a camisa tricolor, onde somou apenas 16 jogos sem marcar nenhum gol. Daniel, foi então emprestado ao Coritiba, mas uma tendinite no joelho direito, o tirou mais cedo dos campos.
O meia retornou a São Paulo, foi emprestado para a Ponte Preta em 2018, mas o desempenho não agradou e Daniel foi cedido ao São Bento, time pelo qual ainda vestia a camisa.