“Tempo seco, frio, bateu um ventinho, e ele já começa a piorar”, diz a jovem, apenas mais uma entre as mais de mil pessoas que procuram as unidades de saúde da capital diariamente por causa de doenças respiratórias.
De janeiro a junho deste ano, foram 206.646 atendimentos em centros de saúde de BH, um aumento de 88% em relação ao mesmo período do ano passado, que teve 109.699 registros. Só neste mês, até ontem, foram 19.081 casos, média de 1.004 por dia.
A procura tende ainda a aumentar nos próximos dias devido à massa de ar seco, que deixa o índice de umidade relativa do ar abaixo de 30% na capital até a próxima quinta-feira, conforme alerta emitido ontem pela Defesa Civil.
Agravante
Com o tempo seco, as doenças respiratórias se tornam mais frequentes, principalmente em crianças e idosos. “As crianças têm um sistema imunológico ainda não formado e uma anatomia que favorece quadros mais graves. E os idosos têm uma imunidade mais debilitada por conta da idade”, pontuou a pneumologista pediátrica e professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Lais Meirelles Nicoliello Vieira. “Doenças respiratórias são aquelas que vão acometer o trato respiratório, desde a via aérea alta (narinas, faringes) até os pulmões (os brônquios, bronquíolos e alvéolos)”, detalhou Lais.
João Miguel teve o diagnóstico de bronquite no hospital e pôde ir para casa, mas a mãe foi orientada a voltar ao médico em caso de piora. “É horrível ver o bebê assim, a gente chora junto. Ele dorme, e eu não consigo dormir”, concluiu Anabel.
Secretaria diz que faz vigilância para detectar vírus
De janeiro de 2021 até ontem, 1.557 pessoas firam internadas por causa de doenças respiratórias em BH, conforme a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA). O órgão não informou o índice do ano passado, mas diz que realiza a vigilância dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) nos hospitais e nas Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) para monitorar o estado de saúde dos pacientes e também o vírus predominante em cada inverno.
“Vem sendo realizado manejos adequados dos usuários para diminuir o risco de transmissão de Covid-19 e demais síndromes respiratórias ou até mesmo o agravo dos pacientes”, completou o órgão, em nota.
A comerciante Luana Patrícia dos Santos Ferreira, 28, conta que teve o filho de 6 anos internado há quatro meses com crise asmática. “Ele ficou quatro dias internado e, agora, precisa fazer tratamento com pneumologista. Com o tempo seco, aumenta a preocupação: não deixo ficar na rua por causa da poeira e guardo os brinquedos de pelúcia e as cortinas da casa”, afirmou Luana.
De janeiro de 2021 até ontem: 1.557