Em uma a cada 100 residências de Belo Horizonte há larvas do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, o que representa 0,9% do total. O número pode parecer baixo, mas indica ainda que 83% dos focos do mosquito estão em domicílios, isto é, podem ser evitados por medidas de prevenção e extermínio dos chamados criadouros, aqueles lugares que acumulam água parada.
Pelo padrão do Ministério da Saúde, o índice de infestação por larvas do Aedes aegypti recomendado para minimizar o risco de epidemia é de até 1%, o que coloca o indicador de Belo Horizonte (0,9%) como de baixo risco. Mesmo assim, quatro das nove regionais da capital alcançaram nível de risco médio para proliferação de larvas do mosquito.
As informações são do Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa) de 2022 da prefeitura de BH divulgado nesta segunda-feira (26). Para a pesquisa, agentes da Secretaria Municipal de Saúde visitaram 45 mil imóveis da capital.
A região de Venda Nova é a de maior incidência do mosquito, alcançando o índice de 1,7% de domicílios com presença de larvas do Aedes, o que representa um risco médio. As regionais Pampulha, Leste e Noroeste vêm logo atrás, ainda com risco médio, indicando, respectivamente, 1,2%, 1,1% e 1,1% de incidência das larvas do mosquito nas casas.
A região Oeste é a de menor incidência, sendo identificado infestação por larvas em 0,4% das moradias da área. Já as regionais Norte, Barreiro e Noroeste quase alcançaram risco médio, ficando em, respectivamente, 0,7%, 0,7%, e 0,8%. Quando o índice passa de 1% das residências com incidência de larvas do mosquito da dengue é que o risco passa a ser considerado médio.
A pesquisa também levantou quais os criadouros mais registrados nas casas da capital. Quem domina a lista são os pratinhos de plantas, em 26,5% dos casos; seguido por entulhos (19,2%); recipientes domésticos (10,2%); barris/tambores (7,5%); e pneus (6,3%).
De acordo com o subsecretário de Promoção e Vigilância em Saúde de BH, Fabiano Pimenta, o resultado do levantamento pede um direcionamento nas ações de combate à dengue, zika e chikungunya nas regiões de mais infestação. “Com o LIRAa vamos intensificar uma determinada ação em pontos de atenção, como exemplo, onde o criadouro predominante foi entulho vamos ampliar os mutirões de limpeza. Com relação aos pratos de plantas, os Agentes de Combate a Endemias, que já repassam essa orientação, darão mais ênfase durante as vistorias nos imóveis”.
A prefeitura informou que o município adota todas as medidas recomendadas pelo Ministério da Saúde, que são de responsabilidade do poder público, para reduzir a ocorrência de casos de dengue, chikungunya e zika. Em 2022, foram realizadas cerca de 4 milhões de vistorias dos Agentes de Combate a Endemias identificando riscos do acúmulo de água, orientando sobre como eliminar estes criadouros e, quando necessário, fazendo a aplicação de biolarvicidas.
Confira as ações de acordo com nota da Prefeitura de BH
"Durante todo o ano, a Prefeitura de Belo Horizonte mantém as ações de vigilância e combate às doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. Os Agentes de Combate a Endemias percorrem os imóveis reforçando as orientações sobre os riscos do acúmulo de água e que podem se tornar potenciais criadouros do mosquito, além de orientar sobre como eliminar estes criadouros e, se necessário, fazer a aplicação de biolarvicidas. Em 2022, foram realizadas cerca de 4 milhões de vistorias dos Agentes de Combate a Endemias com esse objetivo.
A Secretaria Municipal de Saúde também mantém a aplicação de inseticida a Ultra Baixo Volume (UBV) para o combate a mosquitos adultos em áreas com casos suspeitos de transmissão local e em função de uma avaliação ambiental pelas equipes de Controle de Zoonoses. Em 2022 foram realizadas ações com uso UBV em cerca de 23 mil imóveis. O produto tem o objetivo de eliminar o mosquito em sua fase adulta, em que o vírus pode ser transmitido. A aplicação é realizada com equipamentos especiais e o trabalho ocorre, de preferência, pela manhã ou no final da tarde.
O monitoramento de focos é feito ainda por meio de drones, cujas imagens tem facilitado a identificação de possíveis focos em locais de difícil acesso para as equipes de Agentes de Combate a Endemias. Os drones também são utilizados para a aplicação de larvicida diretamente nos locais de risco, quando estes são de difícil acesso para a equipe de Zoonoses. Até o momento, foram realizados 143 sobrevoos com a identificação de quase 17 mil prováveis focos em potencial nas nove regionais do município.
Há também a expansão do método Wolbachia e a continuidade das liberações progressivas dos mosquitos em todas as regiões do município. O método é complementar às demais ações de controle e prevenção da dengue, zika e chikungunya executadas durante todo o ano pelo município de Belo Horizonte. A Wolbachia é um microrganismo intracelular e não pode ser transmitida para humanos ou animais. Mosquitos que carregam o microrganismo têm a capacidade reduzida na transmissão das arboviroses, diminuindo assim, o risco de surtos das doenças e da febre amarela. Cabe ressaltar que esse método não envolve qualquer modificação genética do vetor Aedes aegypti."