Dez pessoas, ao todo, registraram ocorrências na polícia contra a cervejaria Backer entre 9 de janeiro – quando ficou comprovada a contaminação de lotes da Belorizontina por dietilenoglicol – e esta terça-feira (21). 

A orientação do delegado Flávio Grossi, à frente da investigação pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), é para que as pessoas registrem boletins de ocorrência caso tenham consumido o produto e estejam se sentindo prejudicadas. 

Nessa segunda-feira (20), subiu para 21 o número de casos suspeitos de intoxicação por dietilenoglicol em Minas, segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES/MG). Quatro pacientes internados com o quadro clínico de insuficiência renal aguda e alterações neurológicas morreram nas últimas semanas. Dos 21, 19 são homens e apenas 2 mulheres estão entre as vítimas. 

Dados obtidos por O TEMPO apontam que, além desses casos suspeitos, outros consumidores da cerveja também se sentiram lesados ao adquirir um produto que poderia estar contaminado.

Assim, os nove registros foram feitos tanto por clientes da marca que beberam a Belorizontina e sentiram mal-estar quanto por pessoas que decidiram entregar as garrafas da cerveja na delegacia ou mesmo nos estabelecimentos onde elas foram compradas. 

Entenda

Um dos primeiros registros foi feito logo em 10 de janeiro, um dia após a confirmação de que um lote da cerveja estaria contaminada por dietilenoglicol.

Uma moradora de 54 anos de Nova Lima, na região metropolitana de BH, compareceu a uma delegacia de Polícia Civil para registrar que passou mal após consumir uma Belorizontina, cuja lote seria o 1348 – justamente aquele em que primeiro foi constatada contaminação por dietilenoglicol.

Ela recebeu atendimento no Hospital Nossa Senhora de Lourdes, também na região metropolitana, onde deu entrada com quadro de diarreia e dor abdominal. 

História semelhante aconteceu em Arcos, no Centro-Oeste de Minas. Um homem de 33 anos procurou a polícia no município para relatar que, em novembro de 2019, comprou 15 garrafas da cerveja Backer – do lote L2 1348, justamente o contaminado – em um supermercado do bairro Buritis, na região Oeste de BH. À época, ele bebeu 6 garrafas com alguns amigos e, algumas horas depois, sentiu dores estomacais e sofreu com uma diarreia. 

Um morador de Belo Horizonte também direcionou seu relato às autoridades policiais. O homem de 74 anos procurou os agentes em 15 de janeiro e declarou ter comprado uma caixa da cerveja Belorizontina em um supermercado do bairro Cidade Nova, na região Nordeste de BH. No fim de semana da compra, consumiu oito garrafas da cerveja.

Após o consumo, ele também teria apresentado quadro de mal-estar e, por isso, procurado atendimento médico em Jaboticatubas, onde estava. As demais garrafas compradas foram por ele entregues em uma regional da Prefeitura de Belo Horizonte. 

Há ainda outros registros referentes a ocorrências de pessoas que compraram a cerveja e precisaram devolver as garrafas.

Em um dos casos, um homem de 37 anos acionou a polícia para exigir que o supermercado onde ele comprou a cerveja, em Belo Horizonte, aceitasse recebê-la. O cliente teria adquirido, como relatado aos militares, 10 caixas de Belorizontina, da Backer. Um total de 150 garrafas que custaram a ele R$ 748,50.

O homem alegou que perdeu o cupom fiscal, tendo em mãos apenas a fatura do cartão de crédito. O gerente da unidade informou que, de acordo com as regras da loja, não poderia trocar o produto. 

Investigação

Nessa segunda-feira (20), a Polícia Civil iniciou a segunda fase das investigações sobre a contaminação da cerveja, suspeita de estar associada a quatro mortes. Agora, familiares e vítima serão ouvidas como coleta de testemunhas para o caso. Quatro pessoas testemunharam na segunda e outras quatro são ouvidas nesta terça-feira (21).  

Constatada a contaminação da bebida, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) orientou, ainda na semana passada, que os cidadãos entreguem as garrafas da cerveja nas nove regionais da cidade. Entre 13 e 17 de janeiro, 2.811 foram recolhidas. Ao todo, nove rótulos da Backer e 32 lotes de cerveja estariam contaminados pela substância tóxica, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). 

(Com Rafaela Mansur)