Dez pessoas foram presas em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, suspeitas de fraudar declarações de saúde que davam direito à indenização da Vale após o rompimento da barragem de Córrego do Feijão. Alguns chegaram a lucrar cerca de R$ 15 mil com o golpe.
A Polícia Civil suspeitou das declarações emitidas supostamente pelo posto de saúde residencial Bela Vista, que estavam sendo apresentadas para recorrer ao benefício.
De acordo com a delegada responsável pelo caso, Ana Paula Gontijo, a quadrilha reproduzia cópias do documento com as mesmas características dos originais.
“Uma determinada pessoa da quadrilha fazia os documentos, falsificando não só os padrões dos originais, mas também o carimbo do posto e a assinatura da enfermeira responsável”, afirmou.
Segundo a chefe da investigação, sete dos envolvidos são da mesma família. Seis deles moram em Sarzedo e apenas uma pessoa reside, de fato, em Brumadinho, o que facilitou a ação da quadrilha:
“Eles usavam o endereço dessa pessoa, como se fosse deles. Algumas pessoas também indicaram que seus filhos residiam no endereço, o que fez o valor variar”.
A indenização emergencial dá direito a um salário mínimo por adulto, meio salário por adolescente e 1/4 do salário por criança.
“A gente constatou também os envolvidos pagaram para Ana Claudia entre R$ 500 e R$ 700 por declaração emitida”, revelou a delegada.
Os outros presos, por não serem da família, segundo a delegada, precisaram desembolsar R$ 4.000 por declaração.
Todos os presos vão responder pelo crime de estelionato, com cinco anos de prisão. Os membros da mesma família também vão responder por formação de quadrilha. Ana Claudia Batista também foi enquadrada por falsidade ideológica.
Respostas
Procurada, a Prefeitura de Brumadinho informou que não vai se manifestar até a conclusão das investigações e que acompanha o trabalho da Polícia Civil.
Por e-mail, a assessoria de imprensa da mineradora disse que “a Vale não comenta investigações em andamento”.
Outros golpes
Desde a tragédia em Brumadinho, 21 pessoas foram presas por aplicarem golpes relacionados ao desastre. Outras 39 pessoas estão sendo investigadas e 19 inquéritos foram abertos.