O tenente coronel da reserva da Polícia Militar Domingos Sávio de Mendonça confirmou, em entrevista ao jornal O TEMPO, nesta segunda-feira (26), que gravou áudio ameaçando de morte governador do Estado, Romeu Zema. Sávio afirmou que fez o registro sonoro na última sexta (23) em um momento de embriaguez e que não tem a pretensão de prosseguir com a promessa. 

“Eu bebi uns ‘golo’ e falei que o governador Romeu Zema é um cara injusto porque ele está fazendo agora o contrário do que fez na campanha”, disse o militar. Ao ser questionado sobre se, de fato, não era desejo dele atentar contra a vida do governador, o militar respondeu: “Naquele momento era, eu falei o que meu coração estava sentindo. O Estado já está matando os policiais.”

Em seguida, ele prossegue afirmando que, agindo racionalmente, quer que o governador viva “uns 300 anos”, mas que a vida política dele se encerre rapidamente “na cadeia.”

Revolta

Sávio justificou o áudio dizendo que existe revolta nas corporações militares, tanto da polícia quanto dos bombeiros, em relação aos pagamentos atrasados. “Ele (Zema) manteve os salários dos policiais parcelados e atrasados. Isso tem provocado o caos, como suicídios, divórcios, depressões…”

Reportagem divulgada pelo jornal O TEMPO mostrou que suicídios de policiais e agentes batem recorde com 31 casos.

Veja o vídeo no qual ele se retrata:

“Romeu Zema está deixando os servidores à míngua, com salários parcelados, atrasados, e sem reposição de perdas para garantir de mordomias e privilégios de quem já ganha muito. Somos a França de 1779”, falou.

A reportagem entrou em contato com a Polícia Militar via e-mail para comentar a respeito do caso e aguarda posicionamento. Tão logo seja respondida, esta matéria será atualizada.

Prometeu acampar

Esta não é a primeira vez em que o militar se envolve em polâmica com o nome de Zema. Em protesto realizado em fevereiro, Sávio disse que iria acampar na porta da casa do Governador.

Governo acredita se tratar de caso 'isolado'

À reportagem de O TEMPO, a Secretaria de Governo anunciou que tomará todas as medidas judiciais cabíveis contra o autor da ameaça. Frente as críticas sobre os danos à saúde mental de policiais dada a questão dos atrasos salariais, a gestão estadual garantiu que 'apesar da grave situação financeira por que passa o Estado', 'a administração tem por princípio o diálogo franco' com os envolvidos nas negociações relativas às categorias. 

O órgão também reafirmou seu repúdio a todos os atos de violência e, por isso, 'buscará o rigor máximo da lei para combater posicionamentos como o mencionado'. 

Leia a nota na íntegra: 

O Governo de Minas Gerais teve conhecimento da ameaça ao governador Romeu Zema, oriundas de um policial reformado, e tomará todas as medidas judiciais cabíveis. Apesar da grave situação financeira por que passa o Estado, com um déficit orçamentário previsto para o ano de R$ 15 bilhões e um rombo de R$ 34,5 bilhões herdado da gestão anterior, a administração tem por princípio o diálogo franco, respeitoso e republicano com todos os sindicatos envolvidos em negociações relativas às categorias. O Governo repudia qualquer tipo de violência. Justamente por se pautar por esses princípios, buscará o rigor máximo da lei para combater posicionamentos como o mencionado. Acreditamos que o ato em questão, repudiável, tenha caráter isolado.

(Com Lara Alves)