O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, entrou em conflito com o governador de São Paulo, João Doria (PSBD), durante reunião com governadores nesta terça-feira (8) para discutir a vacinação contra a Covid-19 no país. Após ser questionado pelo governador se há empecilhos ideológicos ou políticos para o governo federal adquirir a chinesa Coronavac, Pazuello afirmou que o ministério vai comprar qualquer vacina registrada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), "se houver demanda e se houver preço" e disse que a opção não é uma vacina "de São Paulo".
"(A Coronavac) não teve nenhum investimento do governo federal. Ela também não foi aprovada pela Anvisa. O que (leva) a sua gestão, como ministro da Saúde, a privilegiar duas vacinas em detrimento de outra? É razão de ordem ideológica, política ou de falta de interesse em disponibilizar mais vacinas, sendo que, no total, temos 300 milhões de doses para ser recebidas a partir de fevereiro e vamos precisar de 400 milhões?", questionou Doria.
Ele pontuou que o governo federal despendeu cerca de R$ 1,2 bilhão com a empresa AstraZeneca, que produz uma vacina com a Universidade de Oxford, e outros R$ 2,5 bilhões no consórcio internacional Covax Facility, que desenvolve nove vacinas e dará direito a cerca de 42 milhões de doses da primeira a ser finalizada ao Brasil. Na reunião, Pazuello afirmou que o país receberá cerca de 300 milhões de vacinas em 2021, o bastante para atingir aproximadamente 150 milhões de brasileiros, entre mais de 212 milhões.
"A vacina do Butantan não é do Estado de São Paulo, não sei por que o senhor está tratando como se fosse. Quando o Butantan concluir seu trabalho e tiver uma vacina registrada, avaliaremos a demanda e, se houver demanda e houver preço, vamos comprar", retrucou Pazuello.
Nessa segunda-feira (7), Doria disse que a imunização dos paulistas com a Coronavac começará no dia 25 de janeiro. Inicialmente, ele prevê 46 milhões de doses para o Estado e promete disponibilizar 4 milhões para outros locais interessados. A vacina, entretanto, ainda não foi aprovada pela Anvisa, passo obrigatório para sua disponibilização no país. Na reunião desta terça, Pazuello disse que as aprovações devem ocorrer em fevereiro, caso o processo corra sem problemas.