Conflito

Em conflito com Doria, Pazuello diz que comprará Coronavac se houver demanda

João Doria (PSDB) acusa ministro da Saúde de gastar dinheiro com vacinas que estão na mesma fase de desenvolvimento da Coronavac e ignorar a chinesa

Por Gabriel Rodrigues
Publicado em 08 de dezembro de 2020 | 15:02
 
 
 
normal

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, entrou em conflito com o governador de São Paulo, João Doria (PSBD), durante reunião com governadores nesta terça-feira (8) para discutir a vacinação contra a Covid-19 no país. Após ser questionado pelo governador se há empecilhos ideológicos ou políticos para o governo federal adquirir a chinesa Coronavac, Pazuello afirmou que o ministério vai comprar qualquer vacina registrada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), "se houver demanda e se houver preço" e disse que a opção não é uma vacina "de São Paulo". 

"(A Coronavac) não teve nenhum investimento do governo federal. Ela também não foi aprovada pela Anvisa. O que (leva) a sua gestão, como ministro da Saúde, a privilegiar duas vacinas em detrimento de outra? É razão de ordem ideológica, política ou de falta de interesse em disponibilizar mais vacinas, sendo que, no total, temos 300 milhões de doses para ser recebidas a partir de fevereiro e vamos precisar de 400 milhões?", questionou Doria. 

Ele pontuou que o governo federal despendeu cerca de R$ 1,2 bilhão com a empresa AstraZeneca, que produz uma vacina com a Universidade de Oxford, e outros R$ 2,5 bilhões no consórcio internacional Covax Facility, que desenvolve nove vacinas e dará direito a cerca de 42 milhões de doses da primeira a ser finalizada ao Brasil. Na reunião, Pazuello afirmou que o país receberá cerca de 300 milhões de vacinas em 2021, o bastante para atingir aproximadamente 150 milhões de brasileiros, entre mais de 212 milhões. 

"A vacina do Butantan não é do Estado de São Paulo, não sei por que o senhor está tratando como se fosse. Quando o Butantan concluir seu trabalho e tiver uma vacina registrada, avaliaremos a demanda e, se houver demanda e houver preço, vamos comprar", retrucou Pazuello.

Nessa segunda-feira (7), Doria disse que a imunização dos paulistas com a Coronavac começará no dia 25 de janeiro. Inicialmente, ele prevê 46 milhões de doses para o Estado e promete disponibilizar 4 milhões para outros locais interessados. A vacina, entretanto, ainda não foi aprovada pela Anvisa, passo obrigatório para sua disponibilização no país. Na reunião desta terça, Pazuello disse que as aprovações devem ocorrer em fevereiro, caso o processo corra sem problemas.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!