Vacina sim, senhor!

Em Minas, vacinação em queda expõe 38% dos menores de 2 anos a doenças

Projeto em parceria entre a Secretaria de Estado de Saúde e a UFMG tenta reverter o quadro de baixa cobertura vacinal

Por Clarisse Souza e Malú Damázio
Publicado em 24 de junho de 2022 | 03:00
 
 
 
normal

Em Minas, a cada 100 crianças com menos de 2 anos, 38 estão expostas ao risco de contaminação por alguma doença grave, como poliomielite, tuberculose e sarampo. Entre janeiro e março de 2022 – a atualização feita mais recentemente pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) –, a média da cobertura vacinal para esse público foi de 61,7%, ainda menos que o índice registrado em todo o ano passado, de 75,22%, e muito abaixo dos 95% recomendados pelo Ministério da Saúde.

Para reverter a queda nos índices de vacinação, a SES-MG e o Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Saúde Pública da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) executam o projeto itinerante “Estratégias para o aumento da cobertura vacinal em crianças menores de 2 anos no Estado de Minas Gerais: uma pesquisa-ação”.

Desde março, 160 cidades de oito regionais de saúde receberam oficinas da iniciativa. Em agosto, será a vez da regional Belo Horizonte, que, além da capital, tem 38 municípios. O objetivo é auxiliar profissionais de saúde na criação de estratégias capazes de aumentar a vacinação em suas cidades.

Nos primeiros três meses do projeto, foram selecionadas as cidades com as piores taxas de vacinação do público menor de 2 anos no Estado. A iniciativa chegou a cerca de 500 profissionais das regionais de saúde de Governador Valadares, Alfenas, São João del-Rei, Barbacena, Passos, Ituiutaba, Coronel Fabriciano e Leopoldina. 

Atendimento fora dos postos de saúde

A redução nas taxas de vacinação “aumenta a possibilidade de surgimento de doenças que já eram erradicadas ou controladas”, alerta a superintendente de Vigilância Epidemiológica da SES-MG, Elice Ribeiro. Por isso, uma das sugestões é ampliar o atendimento para além das salas de vacinação. “Ir a creches e escolas, abrir o posto de saúde aos sábados, domingos, feriados e fazer eventos para chamar esse público para a vacinação”, exemplifica. 

Vacina é ato de amor

 Moradora de Betim, na região metropolitana, a manicure Meire Medina de Sousa, de 37 anos, está sempre atenta à caderneta de vacinação dos filhos, de 1 mês e 9 anos. Eu acho que manter as vacinas em dia é um sinal de amor. Desde que me entendo por gente,  aprendi que a vacinação é a melhor forma de prevenir ou amenizar as doenças. Pra mim, é como se fosse tratamento antecipado, diz. 

“Aprendi com meus pais. Morávamos na roça, mas, mesmo assim, eles sempre nos vacinavam. Hoje agradeço pelo cuidado”, finaliza a manicure.

Em Barbacena, oito a cada dez estão desprotegidos

No município de Barbacena, no Campo das Vertentes, oito de cada dez crianças com menos de 2 anos (79,6%) estão desprotegidas contra doenças graves, que poderiam ser evitadas por vacinas. A cidade foi uma das primeiras a serem contempladas pela parceria entre SES-MG e UFMG e já começa a colocar em prática o plano de ação desenvolvido durante a capacitação, segundo a subsecretária de Saúde do município, Ana Rigotti.

A prioridade é ir ao encontro da população para atualizar a caderneta de vacinação das crianças. “Vamos levar as vacinas a praças, festas e outros eventos. Se temos uma opção segura e com comprovação científica para proteger contra doenças, por que vamos assumir o risco de nossas crianças não poderem mais correr, jogar bola e realizar seus sonhos?”, questiona.

O dado sobre a vacinação em Barbacena foi computado de janeiro a maio de 2022 no sistema do Programa Nacional de Imunização. A prefeitura ponderou que o índice de vacinação pode ser maior, já que ocorre inconsistência no sistema, mas não tinha apresentado outros números até o fechamento desta edição.

Alerta para a meningite em BH

Em Belo Horizonte, a média de cobertura vacinal de menores de 1 ano em 2021 foi de 82,75%. A pior situação foi da proteção contra meningite meningocócica tipo C , com 71%. A prefeitura não faz a análise em relação à população com menos de 2 anos.

 

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!