Passar pela avenida Babita Camargos, uma das vias mais movimentadas do bairro Cidade Industrial, em Contagem, na região metropolitana, e não reparar no emaranhado de fios suspensos e pendurados nos postes é quase impossível. Entre os pedestres, a opinião é que o cenário, além de dar impressão de uma cidade visualmente poluída, gera insegurança.

“Eu não sinto segurança nenhuma com esses fios. Acho que a Cemig teria que resolver esse problema”, declara o vendedor Helbert Fernando, 19, que passa pelo local todos os dias para ir ao trabalho. Ele tem medo inclusive de acidentes.

A visão é compartilhada pelo lavador de carros Edimilson de Lima, 50. “Se isso (o fio) cair, mata muita gente. Nesse tempo de chuva, esses fios ficam fazendo barulho, e a gente fica com medo”, afirma.

Ezequiel Gomes da Silva, de 18 anos, que atua em serviço administrativo, também se mostra receoso. “Uma vez passei aqui, e os fios estavam caindo. Fica a dúvida se realmente é seguro passar por baixo desses cabos”, pondera. 

O comerciante Rubens Clemente, 50, questiona o papel da Cemig em relação à situação. “Para a gente que é leigo, parece que essas instalações nos postes são gambiarra. Eu já observei várias vezes essas pontas soltas e não sei por que a Cemig deixa isso ocorrer”, questiona. 

O que diz a Cemig

A Cemig explicou que os fios pendurados em postes da avenida Babita Camargos são cabos de empresas de telecomunicação e não são energizados. O espaço é utilizado, segundo a concessionária, mediante contrato de uso e compartilhamento de infraestrutura.

A companhia informou que monitora e fiscaliza esses locais, notificando as empresas sempre que há necessidade de reparo. 

O engenheiro eletricista João Carlos Lima, coordenador técnico do Centro de Capacitação em Tecnologia da Loja Elétrica, confirma que não há risco relacionado a eletricidade, mas aponta um problema: “temos cabos de várias empresas de telecomunicação. Isso é uma bagunça, porque tem cabo demais. Esses cabos passam mais baixo e costumam tombar o poste por causa do esforço mecânico. O problema é que vem um caminhão ou um ônibus muito alto e arrebenta a fiação”, explica.

Telefonia

Demandada pela reportagem, a Oi informou que irá enviar uma equipe técnica ao local e que, caso necessário, irá realizar os reparos o mais brevemente possível. Também contatada, a Claro não tinha se posicionado sobre o assunto até a publicação desta reportagem. 

Custo entrava implementação

Uma opção para solucionar a poluição visual da cidade e a sensação de insegurança que esses cabos trazem seria implantar cabeamento subterrâneo, como explica o engenheiro eletricista João Carlos Lima. O entrave da implementação é o custo da mudança.

“O centro de Belo Horizonte utiliza a rede subterrânea. No hipercentro, nós só vemos postes com iluminação. Essa rede subterrânea deixa a cidade mais bonita e passa a sensação de mais segurança, mas é muito mais cara. O custo de implantação é aproximadamente dez vezes maior que a instalação do poste. Isso porque tem a obra civil. É necessário fazer estudo de solo e precisa verificar a área”, esclarece. 

Outro lado

Questionada pela reportagem sobre os valores de implantação da rede subterrânea, a Cemig não tinha informado o custo até a publicação desta reportagem. 

“A rede subterrânea, em geral, possui algumas vantagens em relação à rede aérea convencional, contudo a atual tecnologia de rede aérea, com cabos protegidos e isolados, é uma rede que traz boas condições de segurança, sendo o padrão aplicado em todo o território nacional e que contribui para a modicidade tarifária”, informa nota da concessinária enviada à reportagem.

A companhia não respondeu se a rede subterrânea é mais segura nem se há projeto para implantar o sistema em Contagem.

Regras
Veja quais fios e cabos passam por um poste e confira em que altura eles devem estar posicionados.

Fios de alta tensão devem estar posicionados em altura superior a 13 m. 

Fios de baixa tensão têm que ficar na altura mínima de 7 m. 

Cabos de rede telefônica e os de rede de TV a cabo deve ficar na altura mínima de 4 m. 

(Fonte: João Carlos Lima, engenheiro eletricista) 

Regularização é discutida na Câmara de BH

Em Belo Horizonte, projeto de lei aprovado em primeiro turno na Câmara responsabiliza as concessionárias de energia e de telecomunicação pela remoção de cabos excedentes ou inúteis a partir da solicitação da prefeitura. O texto pretende disciplinar a fiação aérea a partir do Código de Posturas, segundo o autor, o vereador Bráulio Lara (Novo). 

“O que estamos definindo é como deve ser feito o cabeamento aéreo”, detalha Lara. 

Em Contagem, segundo a Câmara Municipal, não existe discussão, no momento, sobre qualquer legislação sobre o tema. (Com Pedro Nascimento)