‘Era para tirar o pessoal todo de lá’, alertou Olavo Henrique, funcionário que atuava há mais tempo na mina do Córrego do Feijão, no primeiro semestre de 2018, diz trecho de decisão que culminou na prisão de oito funcionários da Vale na manhã desta sexta-feira.

Em depoimento, Luciano Henrique Barbosa Coelho disse que seu pai Olavo Henrique, que, apesar de não ter estudo, “era muito solicitado por todos os gerentes” por ser “referência em infraestrutura em questão de barragem”, foi chamado pela chefia da Vale entre junho e julho do ano passado para avaliar a situação da barragem porque “estava brotando lama no talude, o que não é normal”.

Seu pai então relatou que: “a barragem estava condenada e não tinha mais conserto”, mas os chefes presentes relataram que “não poderiam tirar o pessoal de lá porque é muita gente envolvida e empregos” e disseram que empresa especializada seria contratada para consertar a barragem I.

Após a visita do pai e da resposta dos funcionários da Vale, Luciano Henrique foi alertado pelo pai: “Filho, você que trabalha próximo à barragem, não fica em parte baixa não, caso ocorra algum barulho corra sentido predinho porque qualquer hora aquilo lá vai romper”.

Isso somado ao laudo do engenheiro Makoto Namba, da TÜV SÜD, que já havia constatado que dificilmente seria possível atestar estabilidade da barragem, o juiz relata na decisão que “ao que parece os funcionários da Vale assumiram o risco de produzir o resultado, pois, mesmo diante de novos elementos aptos a demonstrar a situação de emergência, não acionaram o Plano de Ações Emergenciais”.