Esmeraldas: ato após morte de irmãos tem ônibus queimado e um baleado pela PM

Dois homens foram presos e um deles foi baleado pela Polícia Militar (PM), na tarde desta segunda-feira (11 de março). Eles são suspeitos de atearem fogo em um ônibus na LMG-060, em Esmeraldas, na região metropolitana de Belo Horizonte. A suspeita é de que o ato seja uma manifestação pela morte de dois irmãos, na noite de domingo (10), que foram baleados por policiais militares após confusão registrada em uma cavalgada no vilarejo de São José. Contudo, a PM não confirma essa informação.

Conforme o tenente-coronel Flávio Santiago, porta-voz da corporação, os militares foram acionados para a rodovia após pessoas atearem fogo no ônibus. Testemunhas informaram que quatro homens, que estavam em duas motos, cometeram o crime. Os militares iniciaram rastreamento e localizaram uma dupla, que tentou fugir. 

Durante a perseguição, segundo a PM, os suspeitos atiraram contra os policiais, que revidaram. Um deles, que não teve a identidade divulgada, foi atingido na perna e no braço. Ele foi socorrido para o Hospital Regional de Betim, sob escolta policial, e não corre risco de morte, conforme o tenente-coronel. 

O segundo ocupante da moto, um homem de 29 anos, foi preso, sem ferimentos. “Ele tem passagens por tráfico e associação ao tráfico”, informou o tenente-coronel. “Há testemunhas que atestam a participação deles na queima dos ônibus. Mas o processo investigatório é quem vai dizer a relação deles com o incêndio e com o primeiro fato” — a ação policial desse domingo (10), com os dois baleados em São José.

Veja vídeo que mostra a situação no local:

Um ônibus foi incendiado na tarde desta segunda-feira (11) durante um protesto contra a morte de dois irmãos pela PM, em Esmeraldas, na região metropolitana de BH, após uma cavalgada. A PM foi acionada e, no local, outras duas pessoas foram baleadas pelos policiais. pic.twitter.com/dcBDWteSYc

— O Tempo (@otempo) March 11, 2024

População indignada

A população do vilarejo São José, em Esmeraldas, na região metropolitana de Belo Horizonte, está revoltada após a morte de dois irmãos na ação policial. A PM foi acionada durante cavalgada do padroeiro da cidade para uma ocorrência de briga. Dois militares foram encaminhados para o hospital 25 de Maio.

A corporação alega que os irmãos estariam envolvidos na confusão e, após a intervenção policial, teriam golpeado os militares com canivete e, ainda, tentado pegar a arma de um policial. Entretanto, moradores da região contestam a versão, dizendo que, na verdade, os irmãos também tentavam apartar a confusão. 

Em uma rede social, um pedido de Justiça tem ecoado entre a população. “A comunidade de São José de Esmeraldas lamenta a perda trágica e injusta de dois jovens, vítimas de uma ação policial que deveria garantir a segurança, mas resultou em um desfecho devastador. O ato, marcado pela violência extrema e pelo completo desrespeito à vida humana deixou a comunidade em luto e indignação. A imagem chocante de jovens tratados como animais, jogados dentro de uma viatura como se fossem mercadorias, é um retrato doloroso da barbárie que assola nossa sociedade”, diz o texto. A comunidade pediu Justiça para que casos assim não se repitam.

Procurada, a Polícia Militar informou que precisou intervir em um princípio de tumulto envolvendo participantes do evento, sendo um dos militares atingido com um golpe na região do pescoço por um indivíduo.

“Diante a agressão, houve a necessidade de uso de técnicas de imobilização e de força, momento no qual outros transeuntes ali presentes investiram com violência contra os militares, levando-os ao solo, tentando retirar a arma da cintura de um dos militares. Em virtude das agressões e dos riscos decorrentes da possível subtração da arma de fogo e para resguardar a vida dos policiais militares e demais cidadãos ali presentes, para repelir a injusta agressão foi necessário o uso de força progressiva. Dois autores foram alvejados e, imediatamente, socorridos ao hospital de Esmeraldas, onde foram a óbito. A PMMG informa, ainda, que todas as medidas de Polícia Judiciária Militar foram adotadas e que a instituição acompanha o caso”, diz a nota.

A corporação, entretanto, não explicou qual foi a atitude dos irmãos.