Sinal de alerta

Estudo prevê mais de 11 mil mortes em Minas ainda em 2020 por Covid

Pesquisadores da UFMG projetaram número de infectados caso o distanciamento social continue sendo desrespeitado

Por Rafael Rocha
Publicado em 25 de novembro de 2020 | 19:39
 
 
 
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Caso as regras sanitárias e recomendações sobre distanciamento social continuem sendo ignoradas por parte da população, as mortes por Covid em Minas Gerais irão acelerar a ponto de totalizarem exatamente 21.638 mil óbitos até o fim do ano.

Isso quer dizer que mais 11.780 mortes aconteceriam até o fim de 2020, ou seja, no curto período de pouco mais de um mês. Até agora, ao longo de oito meses da pandemia, Minas Gerais registrou 9.858 óbitos, conforme boletim epidemiológico divulgado ontem pela Secretaria de Estado de Saúde (SES). 

A estimativa foi feita por um grupo de pesquisadores dos departamentos de Física e Microbiologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Para se chegar a esse número, os pesquisadores utilizaram um modelo matemático estatístico que observa os números de infectados já confirmados, conforme dados do Ministério da Saúde e registro de óbitos dos cartórios. “A grande contribuição do trabalho é traçar esse cenário para que os governos de estados e municípios possam agir antes que cheguemos a esse sinistro”, informou a professora Lídia Maria de Andrade, do Departamento de Física da UFMG, uma das autoras do estudo. Também assinam a pesquisa os professores Juan González, Paulo Henrique Ribeiro e Flávio Guimarães da Fonseca.

A projeção também fez cálculos a respeito do número total de infectados. Em Minas serão 557.216 pessoas confirmadas com Covid-19 ao longo da pandemia até o encerramento deste ano, caso o cenário de relaxamento das regras sanitárias se mantenha. Como o Estado contabiliza 403.542 casos, isso quer dizer que outras 153.674 pessoas possivelmente serão infectadas até 31 de dezembro. “Construímos essas projeções sobre o cenário de afrouxamento no distanciamento social e o não uso de máscaras”, explicou Lídia.

O levantamento percebeu, ainda, que as regiões Norte e Nordeste de Minas Gerais abrigam a população mais vulnerável à doença, especialmente entre pessoas negras. A professora explica que são regiões de menor potencial econômico, onde há uma conhecida falta de estrutura que acaba provocando piora nos indicadores de saúde. “São municípios que não contam com rede de saúde suficiente para atender a demanda, alguns têm problemas de saneamento básico”, avaliou. Os homens também apresentaram maior mortalidade do que as mulheres, segundo a análise, devido ao perfil que ainda predomina em algumas regiões do indivíduo do sexo masculino como única fonte de renda, o que o torna mais exposto.

Publicado no portal de pesquisa científica Wiley Online Library, de Nova Jersey (EUA), o estudo é fruto do trabalho do grupo de pesquisa Espectroscopia de Aprendizado de Máquina, coordenado por Juan González, que visa criar instrumentos que possam auxiliar no combate às epidemias causadas por doenças virais em Minas Gerais e no Brasil.

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