Acusado de roubar uma pulseira e um colar de ouro, o motoboy Maxsuel Vieira Ribeiro, de 35 anos, está preso desde o último 16 de julho no Centro de Remanejamento Provisório (Ceresp) de Ipatinga, no Vale do Rio Doce. De acordo com a investigação, a vítima teria reconhecido o autor do crime. 

No entanto, a família alega inocência do homem e tenta provar que, no momento do delito, Maxsuel estava trabalhando. Uma manifestação, que contou com o apoio de vários vizinhos do mototaxista, foi realizada para cobrar a soltura do rapaz. Contudo, mesmo sem possuir antecedentes criminais e nada de ilícito ter sido apreendido, a Justiça negou o pedido para que ele responda o processo em liberdade.

"Estamos desesperados e indignados. Maxsuel sempre foi trabalhador. Ele presta serviço para comerciantes e moradores do bairro Parque Caravelas, no município de Santana do Paraíso, onde mora. No momento em que foi abordado, transportava um adolescente até um campo de futebol, a pedido da mãe do jovem", relatou a prima Tamires Ribeiro, de 31 anos.

Segundo ela, Maxsuel está sendo mantido preso baseado apenas no relato da vítima. "No próprio boletim de ocorrência, ela diz que o suspeito é alto, e meu primo tem apenas 1,60m de altura. Também declarou que o autor do roubo estava de capacete. Então, como reconheceu meu primo? Com certeza, no momento da pressão, ela se enganou. Só queremos por Justiça", clama a prima de Maxsuel.

Antes de prender o motoboy, a polícia analisou imagens das câmeras de segurança do bairro vizinho onde ocorreu o roubo. As imagens são do Parque Caravelas, onde Maxsuel mora e trabalha. A moto dele, uma Honda Titan, coincide com as características descritas pela vítima e foi vista nos registros. "Mas meu primo roda pelo bairro a todo momento, pois presta serviço para pequenos comerciantes", alega Tamires.

Justiça

Por considerar a prisão injusta, a família tentou, por duas vezes nos últimos 14 dias, a soltura de Maxsuel. Mas os pedidos foram indeferidos. "Totalmente ilegal, não tem sentido mantê-lo preso. A gente anexou ao processo materiais para mostrar que ele é inocente, mas tudo tem sido ignorado. Nosso desespero aumenta porque ele é homossexual, e vai ser transferido para um presídio. Meu primo está apavorado, temendo ser colocado na cela com outros homens", relata a prima do motoboy.

A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) informou que, por questão de segurança, não divulga informações sobre transferência de presos. Já o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) confirmou que o motoboy passou por audiência de custódia, que converteu o flagrante em prisão preventiva. Sobre o relaxamento da prisão, o órgão declarou que "foi analisado e negado pelo juiz Antônio Augusto Calaes de Oliveira".

"O fato é que, mesmo diante da ausência de antecedentes criminais, diante dos elementos do caso e do seu conhecimento da lei, o magistrado pode determinar a manutenção da prisão. Por outro lado, a negativa da liberdade nesse momento não exclui a possibilidade de a pessoa obter a soltura, seja por meio de habeas corpus no TJMG, seja por decisão do próprio juiz, a partir de novos fatos apresentados pela defesa e mesmo pelo Ministério Público", informa o tribunal.