Manifestação

Familiares de desaparecidos em Brumadinho fazem protesto no IML em BH

Manifestantes cobram mais transparência sobre o trabalho de identificação dos corpos e agilidade

Por Michelyne Kubitschek
Publicado em 12 de março de 2019 | 09:15
 
 
 
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Cerca de 30 familiares de vítimas do rompimento da barragem  da Vale, em Brumadinho, protestaram na porta do Instituto Médico Legal (IML), no bairro Gameleira, região Oeste da capital, na manhã de hoje. Vestidos com camisetas com fotos dos entes e frases como "Não foi acidente, foi crime", pediram mais transparência da entidade em relação à divulgação de informações sobre os trabalhos de identificação de corpos e fragmentos de corpos encontrados desde o dia 25 de janeiro.

Além do sentimento de luto intermitente, os familiares enfrentam dificuldades burocráticas, já que, para processos de indenização, são necessários documentos como a certidão de óbito. "Perdi dois sobrinhos, mortos pela Vale. Querem dar R$100 mil para as famílias para calarem a boca das pessoas. Não queremos isso. Queremos posicionamento da Vale e queremos enterrar nossos familiares. Precisamos viver esse luto", afirmou o técnico em manutenção de automóveis, Valdeci da Silva, 38. Embora o corpo de Luis Caetano, 32, sobrinho de Silva, tenha sido encontrado três dias após o rompimento, a identificação ocorreu cerca de um mês após ser encaminhado ao IML. "É desesperador viver essa angústia", lambentou o tio da vítima. O outro familiar, Francis Erick Silva, 31, segue desaparecido.

Representantes da Polícia Civil receberam parte dos manifestantes, ouviram reivindicações e escalareceram dúvidas acerca dos trabalhos de identificação dos corpos. "O número de agentes da Polícia Civil é mais do que suficiente para o trabalho. Não são somente legistas aqui, mas muitas pessoas envolvidas como o pessoal dos servicos gerais, técnicos de radiologia, que têm trabalhado sem interrupções, desde o dia do desastre", afirmou o diretor do IML, José Roberto Rezende.

Segundo o diretor, os trabalhos de identificação dos corpos esbarram em dificuldades como estado de decomposição da matéria orgânica. "Há entre 170 a 180 corpos e fragmentos de corpos aguardando identificação. Não significa que sejam 180 pessoas, pois várias partes podem pertencer a um mesmo corpo. Cada um chega em um estado e essa situação faz com que seja demandado tempo para exames", explicou Rezende.

Questionado sobre o procedimento que envolve a entrega de partes de corpos, Rezendo diz que "um vez que o fragmento é localizado e identificado, a família é acionada. Caso ela concorde, aquela parte é entregue e um termo de encerramento de processo de óbito é assinado. Se uma nova parte for encontrada, ela será armazenada pela Polícia Civil e, posteriormente, enterrada com o devido respeito em uma urna e vala comuns". A corporação não estimou data nem quantificou o material que deverá passar pelo processo.

 

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