'Nosso diamante agora brilha no céu'

Familiares e amigos se despedem do jornalista Hércules Santos

Referência na cobertura esportiva, jornalista morreu nessa quinta-feira, após complicações decorrentes de uma pneumonia

Por Pedro Ferreira
Publicado em 04 de outubro de 2019 | 09:36
 
 
 
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O velório 1 do cemitério Bosque da Esperança ficou pequeno para tantos amigos do narrador esportivo da Rádio Super 91.7 FM, Hércules Santos, que partiu aos 45 anos nessa quinta-feira, por complicações decorrentes de uma pneumonia.

O espaço para as últimas homenagens teria que ser do tamanho do coração dele para caber todo mundo, segundos os amigos, parentes e profissionais da cobertura esportiva que acompanharam o sepultamento.

Hércules foi enterrado com a camisa da banda britânica de heavy metal Iron Maiden, que representa a paixão dele pela música e pelo rock'n'roll.  

 

 

"Nosso diamante agora brilha no céu"

A quantidade de pessoas no velório e no sepultamento demostrou o quanto Hércules era querido. Várias coroas de flores com mensagens de carinho foram enviadas, inclusive pelo Clube Atlético Mineiro, time do coração de Hércules, que teve duas camisas do clube colocadas sobre seu caixão.

Homenagens também vieram da diretoria, de atletas e funcionários do América, além de outras emissoras de rádio por onde o jornalista passou. Em uma coroa, apenas uma frase: "Pode avisar: o nosso diamante agora brilha no céu".

Muitos colegas de faculdade, ouvintes e professores de Hércules Santos na faculdade também prestaram homenagens a ele. 

Homenagens

O irmão dele, o motorista Luiz Henrique dos Santos, de 52 anos,  lembrou que o irmão sempre brincava que não passaria dos 45 anos  por conta de um quadro de anemia falciforme, que ele tinha desde criança. "Ele sempre teve esse lado brincalhão. Era a maneira que ele tinha de levar a vida. Fez o que ele tinha que fazer  o que gostava: fazer rádio, tocar música, teve os filhos", contou o irmão. "Para a gente, fica a memória, a alegria que ele transmitia para a gente", recordou.

Luiz Henrique ficou comovido com a manifestação de carinho das pessoas que compareceram ao sepultamento."É o que nos sustenta nesse momento: o carinho o apoio dos amigos e de todo mundo. Ele era uma pessoa querida e, com certeza, nos braços de Deus, ele vai continuar de lá olhando por todos nós aqui", disse o irmão.

O presidente da Associação Mineira de Cronistas Esportivos (AMCE), Luiz Carlos Gomes, destacou o legado de Hércules Santos no jornalismo esportivo e disse que ele deixa uma saudade imensa.

"A crônica esportiva de Minas lamentavelmente perde um grande companheiro", disse.

Luiz Carlos conta que acompanhou a jornada profissional de Hércules desde que ele começou, na extinta Rede Mineira de Rádio, e também a passagem dele por emissoras do interior do Estado,  como Caratinga. "Grande locutor, narrador de futebol e apresentador de programas", reforçou. 

O jornalista Marcos Guioti não considera que "descobriu" Hércules Santos como jornalista esportivo quando o contratou como estagiário nas rádios Globo e CBN. "Ele já estava pronto. Eu o encontrei na Newton Paiva, eu como professor de rádio, ele como aluno de jornalismo. "Na primeira aula, quando cada um se apresentava, ele abriu a boca e eu falei: 'Meus Deus, de onde saiu esse aluno?' Foi um aluno exemplar", conta o professor, colega de trabalho e amigo de Hércules Santos.

A humidade, a vontade de aprender, a ética e a responsabilidade com a informação, além do cuidado de Hércules com a voz eram algumas das várias qualidades dele, segundo Guioti.

O jornalista Régis Souto, que também trabalhou com Hércules,  lembrou como ele se encaixava perfeitamente na equipe de trabalho. "Era uma pessoa humilde, que gostava de ouvir as pessoas mais velhas, mais vividas. Não era arrogante. Lamentavelmente, ele furou a fila", disse Régis  lamentando a passagem tão precoce do amigo.

O diretor do Atlético Domênico Bhering esteve no velório representando o presidente do clube, Sérgio Sette Camara, e o vice, Lásaro Cândido. "Tive a honra e o prazer de trabalhar com Hércules como setorista do Atlético por oito ou dez anos. Cara extremamente humilde, educado, cortez, competente no que ele se propôs a fazer.  Ele amava o futebol", disse Domênico, lembrando as últimas viagens com Hércules para a Colômbia e para Argentina, em voos que levaram a delegação e também a imprensa. "Hércules sempre foi solícito com todos nós", comentou.

Atualizada às 12h07.

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