Conhecido pelos amantes da literatura, Odilon Tavares, 55, encontrou nos livros uma forma para sobreviver. Ele montou uma espécie de livraria de usados em uma esquina da Savassi, na região Centro-Sul da capital. No entanto, ele está à beira de não conseguir manter a atividade que o tirou das ruas, onde morou por alguns meses, já que fiscais da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) recolheram metade do acervo dele e deram o ultimato: não vão permitir que siga com a atividade, que é proibida na cidade.
A fiscalização foi nesta quarta-feira (1), pela manhã. “Eles chegaram aqui, colocaram meus livros em sacos e jogaram dentro de uma Kombi. Uma das fiscais disse que eu teria que pagar uma multa de R$ 1.500 para ter meus livros de volta e que, se eu continuar aqui, viriam buscar os que sobraram”, conta Tavares. Ao todo, foram levados 2.000 exemplares.
Ele, no entanto, afirma não ter opção. “Se eu parar de vender os livros, vou viver de que?”, questiona.
Entenda
Tavares conta que começou a vender livros encontrados no lixo quando trabalhava com reciclagem. Quando começou a ficar conhecido pelo trabalho que fazia, passou a receber doações. E, com isso, montou um acervo diversificado. Cada exemplar é comercializado pelo valor único de R$ 5.
Quem viu a ação dos fiscais não se conforma. “Eu achei tão desnecessário aquilo! Se ele estivesse vendendo produtos contrabandeados eu até entenderia. Mas ele está trazendo cultura a um preço acessível”, afirma um comerciante da região que preferiu ter o nome preservado.
Procurada, a PBH informou que o Código de Posturas da cidade proíbe camelôs nas ruas. Para realizar a atividade é necessária uma licença prévia. É permitida apenas a venda de lanches rápidos e pipocas.
Desde julho do ano passado, a fiscalização já apreendeu 40 mil pacotes com mercadorias no centro da capital, ainda segundo a prefeitura.