Um funcionário mineradora Vale e um funcionário da prefeitura de Catas Altas, na região Central de Minas Gerais, foram agredidos durante uma audiência pública em uma escola municipal na zona rural da cidade. A audiência ocorreu na última segunda-feira (16) e discutia a expansão do complexo minerário da Vale no município.

O suspeito das agressões foi contra a expansão e disse que poderia acontecer na cidade o mesmo que ocorreu em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, onde 257 pessoas morreram e 13 estão desaparecidas, após rompimento da barragem do Córrego do Feijão. 

De acordo com o Boletim de Ocorrência da Polícia Militar, durante a reunião foi aberto para o público discursar. Um morador da cidade, de 22 anos, pegou o microfone e discursava, quando, de forma abrupta, interrompeu sua fala e partiu para cima de um funcionário da prefeitura, de 45 anos, e um funcionário da Vale, de 36 anos.

Pouco antes de partir das agressões o suspeito disse: “Isso que eu vou fazer é pelas mais de 200 pessoas inocentes e crianças que eu sei que eles nunca vão pagar. Então, eu também vou pagar”. A frase se referia aos mortos em Brumadinho, em janeiro deste ano. 

Veja o vídeo:

 

De acordo com a polícia, o suspeito tentou agredir também a gerente da empresa Vale, mas foi contido pelos funcionários que se feriram. O engenheiro ambiental contratado pela prefeitura disse que tinha sido ameaçado antes das agressões. O suspeito teria dito para ele que se não passasse o microfone ele ia “quebrar” a vítima. O engenheiro levou murros e chutes. O analista de meio ambiente da Vale tentou intervir na confusão e levou um soco no rosto. 

O suspeito fugiu do local pulando uma janela de três metros de altura e não foi encontrado pela Polícia Militar. O caso foi encaminhado à Polícia Civil para investigação. 

A Vale tem três minas na cidade: São Luiz, Tamanduá e Almas. A ideia é expandir esse complexo minerário. Os moradores são contrários por causa dos riscos ambientais e sociais. Eles levaram cartazes para a audiência pedindo a manutenção do complexo como está.

Por meio de nota a Vale informou que: “repudia os atos de violência contra seus empregados durante reunião pública em Catas Altas (MG) na última segunda-feira, 16/12. Foi registrado Boletim de Ocorrência e as medidas cabíveis serão tomadas. A empresa esclarece que esteve presente na reunião a convite da Prefeitura da cidade para dialogar com a comunidade do Morro da Água Quente e esclarecer, de forma transparente, todas as dúvidas em relação às operações da empresa na região".

A prefeitura da cidade informou que desde 2015 a mineradora tenta a expansão na Mina de São Luiz e reabertura das minas de Tamanduá e Almas. Todas as três estão localizadas no distrito do Morro D'Água Quente, onde foi realizada a audiência. “A discussão agora volta ao Conselho Municipal de Defesa e Conservação do Meio Ambiente (Codema), que aprovou por unanimidade no último dia 10 de dezembro a revisão da conformidade ambiental dada em 2015”, informou a prefeitura. 

Veja nota completa da prefeitura da cidade: 

"A Prefeitura de Catas Altas esclarece que a Audiência Pública realizada na segunda-feira (16) no Morro D'Água Quente precisou ser suspensa por conta de agressão física a um funcionário da mineradora Vale S/A.

A audiência havia sido marcada para debater com a comunidade do Morro D'Água Quente e demais afetados a expansão das atividades da Vale no distrito não apenas no que concerne ao Patrimônio Histórico e Cultural, mas sim à todas futuras questões consequentes do empreendimento.

A empresa pleiteia desde 2015 a expansão na Mina de São Luiz e reabertura das minas de Tamanduá e Almas. Todas as três estão localizadas no distrito do Morro D'Água Quente.

A discussão agora volta ao Conselho Municipal de Defesa e Conservação do Meio Ambiente (Codema), que aprovou por unanimidade no último dia 10 de dezembro a revisão da conformidade ambiental dada em 2015.

A Prefeitura de Catas Altas acredita no diálogo como ferramenta fundamental da democracia, de modo a manter um relacionamento próximo e transparente com a comunidade. Além disso, reforça que é contra qualquer tipo de violência".

Nota da Vale

"A Vale repudia os atos de violência contra seus empregados durante reunião pública em Catas Altas (MG) na última segunda-feira, 16/12. Foi registrado Boletim de Ocorrência e as medidas cabíveis serão tomadas. A empresa esclarece que esteve presente na reunião a convite da Prefeitura da cidade para dialogar com a comunidade do Morro da Água Quente e esclarecer, de forma transparente, todas as dúvidas em relação às operações da empresa na região".