Frequentadores de uma academia no bairro São Geraldo, região Leste de Belo Horizonte, foram surpreendidos na noite dessa segunda-feira (27) por um homem com arma em punho, que lá permaneceu até a chegada de uma viatura da Guarda Municipal. O suspeito é agente da corporação e, ao ser abordado por militares, sacou o revólver e se escondeu no estabelecimento. Ele, que tem 40 anos, só se rendeu após minutos de tensão e, em seguida, foi preso. 

A confusão aconteceu logo que militares lotados na base móvel à rua Silva Alvarenga, importante via da região, decidiram abordar um motociclista que trafegava na contramão. Ao pará-lo, o suspeito teria entregue o documento que o identificava como guarda municipal e, nesse instante, sacado a arma e ameaçado os policiais. Confuso, o homem correu em direção a uma academia e, com o revólver em punho, permaneceu no interior do estabelecimento exigindo a presença dos representantes de sua corporação. 

Dada a tensão, viaturas da Polícia Militar foram acionadas para apoiar a tentativa de negociação com o agente e até uma equipe do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) foi até a entrada da academia para conversar com o homem, mas ele continuava irredutível. Moradores e pessoas que por lá passavam registraram toda a movimentação em vídeos. As gravações circulam no WhatsApp e em outras redes sociais desde então. 

Veja vídeo que mostra movimentação no local:

O suspeito só aceitou deixar a academia e entregar seu revólver quando uma viatura da Guarda Municipal chegou até lá e negociou a rendição. Aos militares, durante registro do boletim de ocorrência, o homem contou que estava desorientado após uma briga com sua esposa e muito preocupado com problemas pessoais. 

A arma de fogo foi apreendida, a motocicleta liberada e o guarda conduzido para prestar esclarecimentos na Central de Flagrantes 1. A Polícia Civil de Minas Gerais informou que, após depoimento, ele foi liberado, mas um procedimento investigativo foi instaurado para apurar os fatos. 

Outro lado

O guarda municipal envolvido no caso entrou em contato com a reportagem de O TEMPO, e descreveu a sua versão sobre os fatos. Ele reconheceu que invadiu a contramão com a sua motocicleta, mas criticou a atitude dos policiais.

"Reconheço meu erro ao transitar por uma parte da rua da praça São Geraldo, ainda que apenas por aproximadamente15 metros, na contra mão de direção. Fui em direção à academia próxima e ali, parado, conversava com minha filha e uma conhecida que lá trabalha. Quando visualizei um PM vindo em minha direção, após duas motocicletas pararem do outro lado da rua, com a sua arma na mão, tirei o capacete, desci da moto e fui em sua direção para me identificar no intuito de tranquilizá-lo", disse.

Ele contou que os policiais o trataram com agreddividade. "Mostrei minha identidade funcional, mas o PM não olhou nem deu ouvidos às minhas palavras, foi agressivo e ignorou minha identificação tomando-a da minha mão à força. Percebi seus colegas me cercando com bastões nas mãos, me encarando e tive receio de ser injustamente agredido", contou.

O guarda falou que entrou na academia para se proteger. "Eu disse que não seria agredido nem algemado, e só sairia com a presença dos meus superiores e solicitei o apoio de uma viatura da Guarda, o que de fato ocorreu. Apenas temi pela minha integridade fisica e moral", completou.

Por sua vez, a Guarda Municipal de Belo Horizonte informou, por meio de nota, que a corregedoria da corporação irá continuar acompanhando os desdobramentos.