Uma discussão por destino entre um motorista de aplicativo e um passageiro teria sido a causa de um espacamento com uma chave de roda. É o que acusa o advogado Thiago Phillip Santos, de 33 anos. Ele teria sido espancado com a ferramenta no bairro União, região Nordeste de Belo Horizonte, por um motorista do Uber, no último domingo (14). Foi feito um boletim de ocorrência, e a Polícia Civil vai investigar o caso.

Segundo relatou Santos, por volta das 22h, ele solicitou um carro, na rua João Arantes, esquina com Alberto Cintra, para voltar para casa, em Sabará, na região metropolitana. No entanto, quando motorista chegou, se negou a levá-lo. 

“Ele disse que não me levaria, mas também não informou o porquê. Queria que eu cancelasse a corrida, mas eu me neguei a fazer, para não ter que arcar com algo que não era minha culpa, uma vez que a Uber descontaria no meu cartão de crédito. Desci do carro e bati a porta um pouco com força. Ele desceu em seguida e fez menção de pegar alguma coisa, daí eu corri imaginando que poderia ser uma arma”, relatou o homem.

Santos ainda contou que o motorista voltou para o carro e o perseguiu jogando o veículo contra ele. Segundo o homem, ele caiu, e o motorista desceu do carro e o golpeou com a chave de roda na cabeça. 

“Ele me bateu sempre mirando minha cabeça: eu pensei que fosse morrer. Fiquei todo ensanguentado e desacordado. Depois, ainda consegui caminhar até o passeio e foi aí que uma viatura da PM passou”, contou.

No boletim de ocorrência registrado pelo advogado na Polícia Militar, ele relatou  que teria sofrido o ataque pois, ao entrar no carro, informou ao motorista que não possuía todo o valor para a corrida. No entanto, ele explicou que essa versão foi distorcida. 

“Eu estava todo ensanguentado no hospital, meio grogue e o policial me fazendo perguntas, foi ai que eu respondi, um pouco irônico e nervoso: 'Me bateu porque achou que eu não fosse pagar a corrida'”, explicou. 

Segundo a PM, ele foi levado pelo Serviço Móvel de Urgência (SAMU) para o Hospital de Pronto Socorro João XXIII onde levou 60 pontos na cabeça. O advogado fraturou parte da face e teve um corte profundo em um dos ombros.

Por assessoria, a Polícia Civil informou que abriu inquérito para investigar o caso e que o advogado foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para realizar exame de corpo de delito. A PC informou que demais informações não serão repassadas para não atrapalhar as investigações. 

Resposta 

A Uber informou, por meio de nota, que lamenta o caso e está à disposição das autoridades para colaborar com as investigações. A empresa ressaltou, no entanto, que as versões do passageiro e do motorista divergem. Tanto o usuário quanto o motorista foram suspensos da plataforma até que o caso seja esclarecido. 

A reportagem tentou entrar em contato com o motorista, mas o telefone estava desligado até a publicação desta matéria. 

Nota da Uber

“A Uber lamenta o caso e considera inaceitável o uso de violência. Esperamos que motoristas parceiros e usuários não se envolvam em brigas e discussões e que contatem imediatamente as autoridades policiais sempre que se sentirem ameaçados. No caso específico, os relatos do usuário e do motorista parceiro apresentam contradições, que só poderão ser elucidadas pelas investigações. A conta do motorista parceiro já foi suspensa, enquanto aguardamos pelas apurações. A Uber está à disposição das autoridades competentes para colaborar, nos termos da lei.”