Com presentes, dinheiro e a base de muita pressão psicológica e ameaças. Era por meio desse combo do mal, que um abusador, de 42 anos, conseguiu o silêncio da enteada. Ele estuprava a menina rotineiramente. As violações sexuais ocorriam quando a mãe dela saía de casa para trabalhar.  Segundo a Polícia Civil, os abusos ocorreram durante quatro anos. A mãe da garota, que se relacionava com o homem há cerca de 8 anos, denunciou o abusador à polícia em agosto deste ano, depois que percebeu um comportamento estranho na menina e a confrontou.Ele foi preso na última sexta-feira (22), mas a polícia só divulgou informações do caso nesta quarta (27). 

Ao ser confrontada pela mãe, a menina, que hoje tem 12 anos, confidenciou os abusos sexuais. A Polícia Civil encaminhou a menina ao Instituto Médico Legal (IML) e os exames comprovaram os abusos frequentes. Além disso, ainda foi constatado que para os familiares o homem se passava por policial civil, mas na verdade ele trabalhava como porteiro.  

"A menina contou que aos oito anos o padrasto praticava atos libidinosos, como passar a mão nas partes íntimas dela. Quando ela fez 10 anos, ele começou a ter relações sexuais constantes com a garota", explicou a delegada à frente das investigações, Ariadne Coelho.

Falso policial

Ainda de acordo com a delegada que está à frente das investigações, a mulher descobriu que o homem não era policial civil na delegacia quando foi registrar a ocorrência de estupro de vulnerável contra ele. 

 "A mulher disse que nunca desconfiou que o homem não era policial, porque ele andava armado e apresentava distintivo e vestimenta da Polícia Civil. Conseguimos apurar que ele trabalhava como porteiro, mas tembém dizia ser advogado e instrutor de autoescola ", contou Ariadne. 

Vida dupla

A mulher ainda contou para a polícia que o homem não dormia na casa dela e da filha, que moram em Betim, porque ele tinha outra família. Ele morava com a esposa em Contagem, local onde ele foi preso. 

"A mulher sabia que ele era casado. O homem usou desse pretexto para negar as acusações. Ele disse que ela queria se vingar por ele ser casado", revelou Ariadne.

Apreensões

Na casa do homem foram apreendidos distintivo e vestimentas da Polícia Civil, uma pequena quantidade de cocaína, R$ 5.000 em dinheiro e uma arma de fogo.  

O homem, que não possuía passagens anteriores pela polícia, foi preso por estupro de vulnerável, porte ilegal de arma de fogo, tráfico de drogas e falsidade ideológica, por ter se passado por policial. Se condenado, ele poderá cumprir pena de mais de 15 anos. 

Ainda segundo a Polícia Civil, serão realizadas mais investigações para saber se o homem também tem envolvimento em crimes de estelionato. 

Adolescente passa por tratamento após abusos

Ainda conforme a delegada que está à frente das investigações, a menina atualmente passa por cuidados médicos.
  
"Por ter sofrido os abusos e ter sido silenciada por tanto tempo ela desenvolveu queda de cabelo, alterações de sono e dificuldade para se alimentar", disse a delegada. 

  Sobre o assunto a psicólogo Letícia Fernandes ainda salienta que o primeiro sinal que a criança ou adolescente é vítima de violência sexual é uma possível mudança no padrão de comportamento da criança, como alterações de humor entre retraimento e extroversão, agressividade repentina, vergonha excessiva, medo ou pânico.

 "Essa alteração costuma ocorrer de maneira imediata e inesperada. Em muitos casos a criança ou o adolescente não sente confiança, ou tem vergonha de conversar com um familiar. Ou até mesmo o adulto responsável não está capacitado emocionalmente para conversar com a criança ou adolescente vítima desse tipo de violência. Quando isso ocorrer é necessário que um profissional capacitado seja procurado para tratar a família", explicou Letícia.  

Para denunciar

A delegada alerta aos familiares que caso percebam alterações comportamentais nas crianças e adolescentes, a situação deve ser averiguada. Caso seja constatado um caso de abuso, a polícia deve ser acionada. Basta ligar 181. 

"É de extrema importância os pais ou responsáveis ficarem atentos sobre possíveis alterações comportamentais. Crianças e adolescentes quando estão sendo vítimas de abusos sexuais demonstram sinais de tristeza ou irritação excessiva", alerta Ariadne.