A Vigilância Sanitária de Minas Gerais interditou todos os leitos de UTI destinados a pacientes com Covid-19 do Hospital José Maria Moraes (HJMM), localizado em Coronel Fabriciano, na região do Rio Doce. De acordo com documentos obtidos por O TEMPO, a interdição, ocorrida na última sexta-feira (31), aconteceu devido a problemas na máquina de hemodiálise da unidade e à falta de antibióticos.

No documento ao qual a reportagem teve acesso, a Vigilância Sanitária aponta que um paciente morreu aguardando atendimento de diálise no hospital. Os técnicos foram ao local após denúncias anônimas, que ficaram comprovadas. “Foi verificada a ocorrência hoje de um óbito de paciente aguardando hemodiálise, constatado que a máquina de osmose permanece sem condições de funcionamento e que a denúncia de falta de antibióticos para tratamento das infecções nas UTIs é procedente”, diz a Vigilância, orientando pelo fechamento dos leitos.

Na avaliação da Vigilância Sanitária, os problemas encontrados deixam em evidência “o risco à saúde dos pacientes”.

Procurada pela reportagem, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) confirmou a interdição. Em nota, a pasta informou que “foram encontradas inconformidades em relação aos leitos de UTI” e destacou que a unidade de saúde, que é administrada pela prefeitura da cidade, foi notificada para fazer as adequações.

“Desta forma, visando reduzir os riscos aos pacientes, foram interditados, cautelarmente, os leitos de UTI, obedecendo as recomendações da Vigilância Sanitária e da Central de Regulação de Leitos, que orientou ao HJMM a fazer o cadastro do laudo de transferência de todos os pacientes em leitos de UTI para outros hospitais de referência, até a regularização do serviço, objetivando garantir a assistência integral e universal desses pacientes”, acrescentou a SES.

A secretaria ainda ressaltou que apenas os leitos de UTI é que foram interditados e que os demais atendimentos na unidade de saúde seguem normalmente. “O retorno das atividades na UTI está condicionado à regularização das inconformidades apuradas”, reforçou a SES.

Resposta

Também em nota, a prefeitura de Coronel Fabriciano disse que foi “surpreendida” com a visita da Vigilância Sanitária e lamentou a ação. Segundo a gestão, o equipamento de hemodiálise apresentou problemas técnicos “que imediatamente foram solucionados”. A prefeitura também ressaltou que o equipamento segue atendendo pacientes internados no hospital com covid-19.

“Ressaltamos que o HJMM dispõe de 01 equipamento no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) 7082886, e com o aumento de casos devido a pandemia, o mesmo apresentou problemas técnicos que imediatamente foram solucionados e inclusive continua atendendo pacientes internados com Covid-19”, disse a prefeitura da cidade.

Além disso, segundo a prefeitura, outros três equipamentos foram adquiridos. “Como forma de garantir tranquilidade aos pacientes, o hospital, por meio da Secretaria de Governança da Saúde, também realizou empenho com recursos próprios para a compra de mais três máquinas de hemodiálise e que se encontram em vias de entrega”.

A prefeitura também disse que fez o cadastro de pacientes que precisavam de traslado e que o transporte foi feito em ambulância com estrutura de UTI, utilizando recursos municipais.

“O Hospital Dr. José Maria Morais em tempos de pandemia tem trabalhado incansavelmente na ampliação com espaço físico para 59 leitos, e se tornado referência na prestação de serviço em enfrentamento a Covid-19”, reforçou a prefeitura, destacando que vem aplicando recursos próprios na unidade e que o governo de Minas tem um débito de R$ 12 milhões com o hospital.

“O município lamenta a ação da SRS, que neste momento de pandemia, pode impedir o hospital de garantir atendimento à população, e reforça que atualmente apresenta uma taxa de letalidade de 1,52%, em decorrência do Coronavírus e continua trabalhando de forma responsável”, finalizou a prefeitura.