O corpo do soldador Erídio Dias, de 32 anos, que sobreviveu ao rompimento da barragem em Mariana, na região Central de Minas, mas morreu na tragédia da Vale em Brumadinho, na região metropolitana da capital, foi identificado pela Polícia Civil. Até o momento, o corpo de 209 pessoas já foram identificados. 

Desde o último dia 25 de janeiro, quando a barragem da mina I do Córrego do Feijão se rompeu a família vivia a angústia de não saber sobre o rapaz. Nesta terça-feira (19), os familiares souberam que o corpo dele foi identificado. 

"E com o coração partido que estou compartilhando com meus amigos a notícia que nós abalou desde o dia 25 de Janeiro, o desaparecimento de Eridio Dias, vivemos os piores dias de angústia. Depois de tanta tristeza a esperança era de dar a ele um enterro digno e o que restou dele pudesse ficar perto de nos. Hoje recebemos a notícia que o corpo foi encontrado, não importa o que foi encontrado, mesmo que seja um fio de cabelo, mas a alma é perfeita e vamos poder se despedir dele amanhã na Igreja em São Bartolomeu", escreveu a tia dele, Luzia Aparecida Margarida Felipe, de 49 anos no Facebook. 

No rompimento da barragem de Mariana, em 2015, uma parada para o almoço salvou a vida de Dias. Ele estava lá a trabalho, também como soldador, e decidiu ir almoçar longe de onde a barragem de Fundão estourou.Por causa disso sobreviveu e ligou para a família contando sobre o desastre e disse aos familiares que "escapou por pouco".

Após o desastre ele continuou trabalhando para a Vale como soldador e cada dia era encaminhado a uma cidade.Estava em Brumadinho quando a barragem rompeu e foi arrastado pela lama.

A família é natural de Sem Peixe, na Zona da Mata de Minas Gerais, e Dias passou o natal do ano passado com a avó, a mãe e todos os outros familiares. Ele era o caçula de seis irmãos e tem uma filha de 7 anos. Logo após o Natal, Dias avisou que ia para Brumadinho e começaria a trabalhar por lá. 

"Tem que acabar com essas barragens"

A revolta por ter um sobrinho passando pelo rompimento de barragens por duas vezes fez com que Luzia fizesse um apelo as autoridades. "Tem que acabar com essas barragens. Já é a segunda vez que acontece e mata um monte de gente inocente. Gente que está trabalhando não tem condições", reclama.

Luzia conta que tem uma outra sobrinha que mora perto de barragem e na casa da família em Sem Peixe passa o mineroduto. Tudo isso deixa a família bastante apreensiva com novas tragédias.

"Os donos das mineradoras não moram em área de perigo, mas eles têm que pensar em quem é pobre e não tem para onde ir. A gente fica aqui sujeito a ser arrastado por essas lama. Parece que eles só pensam em dinheiro. Tem que pensar mais no povo", concluiu.