Pode ter sido criminoso o incêndio que devastou 50 hectares de mata na serra do Curral, na região Leste de Belo Horizonte, no último domingo. Há grande suspeita de que as chamas tenham sido provocadas por ação humana, segundo o segundo tenente do 1º Batalhão do Corpo de Bombeiros, André Dutra. “Pelo local, supomos que (o fogo) tenha sido criminoso. A questão é que não tivemos nenhuma descarga elétrica (ligada a chuva) e também não há rede elétrica no local”, explicou. O militar lembrou que há trilhas na região atingida pelo fogo, que possibilitam o trânsito de pessoas no local.

A suspeita de ação criminosa foi confirmada por Henri Collet, gerente do Parque Estadual da Baleia, local que teve aproximadamente 25 hectares de área verde queimada, do total de 102 hectares – cerca de um quarto. “A perícia está sendo feita, mas estamos trabalhando com a hipótese de que (o incêndio) foi criminoso”, afirmou.

A linha de fogo esteve entre os bairros Taquaril e Serra, mas não atingiu o Hospital da Baleia nem outros imóveis nem feriu ninguém. “Felizmente, conseguimos apagar o incêndio antes de chegar às comunidades pirineus (perto do Taquaril), ao Parque das Mangabeiras e ao hospital”, disse André Dutra.

Em nota divulgada ontem, o Hospital da Baleia pediu à população que não faça queimadas. “Um incêndio de grande proporção chegou próximo da unidade Antônio Mourão do complexo hospitalar e chamou atenção de todos. Por isso, o Hospital da Baleia faz um alerta e pede a população que não faça queimadas”, orienta a nota. 

O combate contou com cerca de 30 militares do 1º Batalhão e do Batalhão de Emergências Ambientais e Respostas a Desastres (Bemad) e de brigadistas, além de sete viaturas. “A área queimada é de relevo acidentado, de mata nativa e sem sistema próprio de prevenção. No local, não há tubulação para combate ao incêndio”, disse o segundo tenente. “Começamos por volta das 15h e finalizamos às 3h desta segunda”, disse o tenente Pereira, do Bemad.

Maio teve 52,9% a mais de queimadas que o mesmo mês de 2019

Maio teve 52,9% a mais de queimadas que o mês em 2019
Foram registradas 1.618 ocorrências de incêndios florestais em maio deste ano em Minas, 52,9% a mais que os 1.058 do mesmo mês de 2019, segundo o Centro Integrado de Informações de Defesa Social (Cinds), do Corpo de Bombeiros do Estado. 
Em março e abril deste ano, também houve mais registros de queimadas florestais em relação ao mesmo bimestre de 2019 – 1.174 frente a 993. 

Já nos dois primeiros meses de 2020, época em que choveu muito, os casos foram inferiores aos de 2019: 156 contra 1.300. 

Crime e penalização

“Pessoas continuam com maus hábitos de colocar fogo em lixo e (fazer) queimada. O papel do bombeiro é de conscientização, mas, se identificamos a origem (do fogo), podemos atuar o responsável”, afirmou André Dutra, segundo tenente do 1º Batalhão.  

Quem causar incêndio ou for flagrado cometendo o crime pode ter que pagar multa e sofrer pena de prisão de dois anos a quatro anos.