A Justiça de Minas Gerais condenou a quase 30 anos de prisão, por latrocínio, o responsável por assassinar Antônio Leite Alves Radicchi, professor de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O crime aconteceu em novembro de 2017, em um ônibus da linha 9805 (Renascença/Santa Efigênia) nas proximidades do bairro São Cristóvão, na região Noroeste de BH.
Antônio participaria, naquela manhã, de uma banca de avaliação da pós-graduação. Ele seguia de ônibus para o campus, quando o criminoso embarcou na parte da frente do veículo e arrancou sua mochila com objetos pessoais. Segundo a denúncia, o professor não quis largar a bolsa. O suspeito, então, desferiu inúmeros golpes de facada contra ele. Radicchi chegou a ser socorrido para o Hospital Odilon Behrens, mas não resistiu.
Uma mulher, companheira do suspeito de cometer o latrocínio, também é acusada de participação no crime. A Justiça não conseguiu encontrá-la durante a instrução processual, e por isso desmembrou o processo e suspendeu o prazo de prescrição até que ela seja encontrada.
Julgamento
À Justiça, os advogados responsáveis pela defesa do suspeito, que hoje tem cerca de 29 anos, alegaram que Antônio se dirigiu a ele primeiro e questionou ao criminoso, no ônibus, se ele se lembrava de conhecê-lo. O suspeito declarou ainda que um grupo liderado pelo professor – chamado de "coroa" durante os depoimentos – o teria agredido em um bar alguns meses antes do crime.
De acordo com a Justiça, o intuito da defesa com essa história era desclassificar o crime de latrocínio para homicídio. Este segundo costuma possuir penas menores que as aplicadas aos que cometem o primeiro. O relato do acusado acabou desmentido por todas as pessoas que presenciaram o crime, segundo o juiz José Xavier Magalhães Brandão. As testemunhas declararam que o professor não conversou com o criminoso, como também não reagiu às investidas dele.
Amigos e parentes descreveram Antônio como uma pessoa tranquila, incapaz de agredir alguém e que não costumava ir a bares. Outro professor da UFMG, também membro da banca que contaria com a participação de Antônio naquele dia, contou à Justiça que conversou com o amigo minutos antes dele ser morto. Ele acredita que, além de um celular e um tablet, havia na mochila do amigo a tese de mestrado que seria avaliada.
Detenção
O acusado acabou condenado a 23 anos e nove meses de prisão pelo crime de roubo seguido de morte. Como era reincidente na prática de crimes, o suspeito viu sua pena ser aumentada em 1/6. Dessa forma, ele precisará cumprir 27 anos, 8 meses e 15 dias.